O Zé da sanfona
Era uma cidade como qualquer outra. Só que lá havia um sumiço recorrente de sanfonas. Bastava ter uma para ela ser roubada. E o entendimento corrente era que o culpado era o Zé. Daí, Zé da sanfona.
Até que um dia, apareceu um juiz com fama de honesto e rigoroso na cidade. E pouco depois de sua chegada, surge um caso de desaparecimento de sanfona.
Acusado, Zé sentou-se no banco dos réus. O acusador foi contundente perante o Juiz:
- Só pode ter sido obra do Zé, Meritíssimo. Não há a menor hipótese de ser outrem. De forma alguma.
Ao que o Juiz perquiriu:
- O senhor tem prova para sustentar sua acusação?
O acusador respondeu, incandescente:
- Prova prova não tenho não. Mas quem mais podia ser? O Senhor não imagina o tanto de casos desses que tivemos aqui nos últimos anos...
O Juiz redarguiu:
- Sem provas, não há condenação. O réu está absolvido.
Mudo até então, Zé, respeitosamente, dirigiu-se ao Juiz:
- Brigado, dotô. Posso intão ficá co´a sanfona?