O Zé da sanfona

Era uma cidade como qualquer outra. Só que lá havia um sumiço recorrente de sanfonas. Bastava ter uma para ela ser roubada. E o entendimento corrente era que o culpado era o Zé. Daí, Zé da sanfona.

Até que um dia, apareceu um juiz com fama de honesto e rigoroso na cidade. E pouco depois de sua chegada, surge um caso de desaparecimento de sanfona.

Acusado, Zé sentou-se no banco dos réus. O acusador foi contundente perante o Juiz:

- Só pode ter sido obra do Zé, Meritíssimo. Não há a menor hipótese de ser outrem. De forma alguma.

Ao que o Juiz perquiriu:

- O senhor tem prova para sustentar sua acusação?

O acusador respondeu, incandescente:

- Prova prova não tenho não. Mas quem mais podia ser? O Senhor não imagina o tanto de casos desses que tivemos aqui nos últimos anos...

O Juiz redarguiu:

- Sem provas, não há condenação. O réu está absolvido.

Mudo até então, Zé, respeitosamente, dirigiu-se ao Juiz:

- Brigado, dotô. Posso intão ficá co´a sanfona?

Paulo Miranda
Enviado por Paulo Miranda em 24/07/2016
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