DO “GLAMOUR” DAS AMANTES

Com minhas sinceras reverências...

Hoje , logo pela manhã, um chamado duma televisão nos convidava a ver uma matéria sobre o patrimônio cultural de São Paulo, O SOLARIUM DA MARQUESA DE SANTOS, aliás, uma obra arquitetônica belíssima tombada pela Cultura; e um fato me chamou a atenção: a ênfase com que a jornalista (uma mulher) deu à biografia da marquesa:

“Trata-se duma nobre senhora, ilustre amante do nosso ilustríssimo Imperador”.

Ahã...até eu gritei com certa admiração: ”eba, viva...as amantes!”. Sim fazem histórias...incríveis.

São elas verdadeiros patrimônios tombados da humanidade.

Obviamente que, observadora como sou, sempre atenta ao humor embutido na vida, no das tragédias inclusive, digo-lhes que só essa biografia já me despertou o humor do dia...para o texto em crônica, um mini ensaio à importância vital dessas nobres ilustres senhoras..figuras perenes no coração das gentes...

Como os tempos mudaram, não?- e obviamente que não escrevo minha crônica na ilustre condição de amantíssima amante ilustríssima, muito menos de amante sonhadora em ocupar o ingênuo coração dum príncipe ou de algum imperador abobado, nobre candidato às linhas da História, fosse ele de que império fosse.

Primeiramente porque, se todo império sucumbe, e isso nos mostra a própria História, o que dizer dos imperadores protagonistas de ”ilustres” amantes pela sua, nem sempre, tão ilustre História... assim.

Mas , basta ter uma amante ilustre que ao menos a fama do Império estará garantida para todo o sempre.

Posso confessar algo que me intriga?

Sempre desconfiei da História contada sobre “ ilustres personagens mitificados” e fundamento minha desconfiança na habilidade que a vida tem de sempre aplaudir o não tão honorífico e ilustrado ser; e fico chateada comigo porque, por mais que eu tente, vejo todo mundo aplaudindo,(eu quero aplaudir também ora!) e eu nunca consigo criar meus próprios mitos “imexíveis”.

Nem os donos das nobres amantes me encantam...pela História, só me fazem deles desconfiar.

Mas meu foco de humor não é o que eu penso dos mitos mas sim o que a História delas pensa e escreve, sobre o eterno Glamour das tantas amantes, e esse meus caros, ninguém confisca: é mito garantido na vida, na morte e no pós morte.

Toma todo o espaço, rouba a cena do ontem, do hoje e do amanhã...

Já é patrimônio inclusive cultural: Famosidade garantida!

Lembram do príncipe Charles e de sua nobre Camila Parker?

Enquanto aquela ilustre senhora era amante real ela não saía das páginas das famosidades, quando virou esposa surreal da realeza real...perdeu prestígio na mídia, foi ou não foi?

Nem fotoshop dela fizeram mais...

Se é esposa...a mídia tá fora!

Depois, dizem, recentemente arrumou um novo amante, sempre novinho em folha, deixou o príncipe que virou sapo falando sozinho, e reassumiu sua função master no pódio glamouroso das amantes das modernas histórias das fadas nada belas...

Curioso, não é?

E observem: se for amante, não precisa ser mais nada!

Aliás, convém não ser mais nada que é pra não perder o mérito!- e todo o resto, nem sempre belo , estará esquecido e perdoado.

É da nobre e amantíssima humanidade que tudo esquece e perdoa...

SE É AMANTE SERÁ UM MITO ILIBADO ACIMA DE QUAISQUER SUSPEITAS.

E pra mim, quando Fernando Pessoa poetou que o MITO É O NADA QUE É TUDO, ele também fez um meio elogio às amantes da “História da vida” mito mesmo...porque amante é o tudo que é tudo!

Pelo que a História nos conta, sem elas, o mundo teria acabado...para sempre , e no tédio.

Observem: Amantes agitam o pedaço, É UMA EUFORIA SÓ: Todo mundo quer saber tudo das amantes do mundo!São como heroínas!

E olha, quem ama o feio bonito lhe parece mesmo! E não sou eu que opino, são as fotografias da vida histórica...

Eu até vou aqui pedir licença para também modificar aquele dito do “faça fama e deite na cama” para “faça a cama e deite na fama”.

E as esposas? Pobrezinhas...sempre sem luzes.

Esqueçam, nunca darão o IBOPE à “boca pequena”, muito menos na CHAMADA DA TELEVISÃO. Nem que fossem cinderelas...

Ou, na vidinha nossa de cada dia, alguma esposa em sã consciência, depois dum duro danado na convivência com o nobre e complicado marido de sempre, acreditaria que, lá nos vindouros tempos da posteridade, alguém a ela se referiria num chamado jornalístico à sua biografia como: “venham conhecer, no solarium da vida, a luta árdua da ilustre e pobre esposa dum nobre imperador desconhecido?”.

Esqueçam...esposa já é outfashion, e faz tempo...

Bem, é certo que a História também ensina que , a toda regra há sempre uma atual “bela e recatada” exceção.

Aviso a regra às amantes de primeira viagem: Não se tornem esposas porque senão modificarão o rumo da sua própria História...e esse não seria um ganho, seria um desmerecido castigo.

Outro dia, só para ilustrar minha tese, eu presenciava uma ex -esposa bronqueando a ex amante do seu marido, agora a atual mulher dele:

” não reclama, não te falei sobre ele? Eu te avisei...melhor era ter sido só amante mesmo”.

Percebi claramente que se tornaram grandes amigas de mesmo infortúnio...e esse é um fato real, acreditem.

Tenho ou não tenho razão?

Amantes e esposas: Leiam-me, observem e tirem suas próprias conclusões...

Depois...só não vale dizer que não sabiam...

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Fonte Web

Domitila de Castro Canto e Mello, Marquesa de Santos, foi uma nobre brasileira, célebre amante de Dom Pedro I, imperador do Brasil, que lhe conferiu o título nobiliárquico de marquesa em 12 de outubro de 1826.Wikipédia

Nascimento: 27 de dezembro de 1797, São Paulo, São Paulo

Falecimento: 3 de novembro de 1867, São Paulo, São Paulo

Sepultamento: Cemitério da Consolação, São Paulo