A DE ANTA

Por não se sabe qual alienado motivo, Marlene quis ensinar o marido Donivaldo, um senhor ignorante e impaciente, a ler e escrever. Ela começou ensinando-o a escrever o próprio nome.

- D de dedo...

Disse Marlene, e Donivaldo replicou:

- Mas que dedo?

- Qualquer um, homem!

- Oshe...

- Agora O de ovo...

- Frito ou cozido?

- Qualquer um!

- Oshe...

- Agora faça o N de navio...

- Aquele que afundou no firme? Cuma é...? O tar do Taitanic?

- Tanto faz!

- Oshe....

- I de igreja...

- A do padre ou a do pastor?

- Não importa!

- Oshe...

- Um V de veado...

- Ih, lasquera! Agora eu tô em dúvida de qual daqueles quatro...

- Ô homem, eu tô falando do bicho de chifre!

- Ah, entonce eu já sei qual é...

- Agora um A...

- De amor, já sei. Ocês muier só fala disso.

- Mas eu ia dizer "anta"!

- É a sua mãe! Aquela véia enxerida...

- Ai, aí... Não, A de anta!

- Entonce num me ensina mais e pronto!

Lyta Santos
Enviado por Lyta Santos em 21/07/2016
Reeditado em 21/07/2016
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