A DE ANTA
Por não se sabe qual alienado motivo, Marlene quis ensinar o marido Donivaldo, um senhor ignorante e impaciente, a ler e escrever. Ela começou ensinando-o a escrever o próprio nome.
- D de dedo...
Disse Marlene, e Donivaldo replicou:
- Mas que dedo?
- Qualquer um, homem!
- Oshe...
- Agora O de ovo...
- Frito ou cozido?
- Qualquer um!
- Oshe...
- Agora faça o N de navio...
- Aquele que afundou no firme? Cuma é...? O tar do Taitanic?
- Tanto faz!
- Oshe....
- I de igreja...
- A do padre ou a do pastor?
- Não importa!
- Oshe...
- Um V de veado...
- Ih, lasquera! Agora eu tô em dúvida de qual daqueles quatro...
- Ô homem, eu tô falando do bicho de chifre!
- Ah, entonce eu já sei qual é...
- Agora um A...
- De amor, já sei. Ocês muier só fala disso.
- Mas eu ia dizer "anta"!
- É a sua mãe! Aquela véia enxerida...
- Ai, aí... Não, A de anta!
- Entonce num me ensina mais e pronto!