O Encanto Acabou

 

 

            Era uma vez um bruxo. Foi educado em uma escola encravada na Inglaterra, em um mundo paralelo, cujo acesso somente era permitido aos seres extravagantes da criação: feiticeiros, duendes, dragões, elfos, gnomos, gnus (gnus?) e etc. (a escola era na Inglaterra porque escola de bruxos no sertão do Ceará não daria Ibope).

 

            Como conclusão do curso de magia, deveria ser enviado a algum país exótico da América do Sul e veio cair no Brasil. Deslocou-se por aí em sua vassoura e não foi rastreado pelo Sivam e nem pelos controladores de tráfego e quase se chocou com um 767 sendo confundido com um urubu.

 

            Transformou um metalúrgico em presidente e severo crítico de movimentos sindicais, principalmente os que enfrentam o seu governo. Perseguiu jornalistas e tentou censurar a imprensa. Realizou a façanha de transformar o antigo socialista em fervoroso defensor do capitalismo, destruindo toda a antiga ideologia que outrora era decantada e defendida.

 

            Disfarçou os antigos membros de um partido cheio de gente que muito trabalhava em ardilosos “lobistas” que tramavam maneiras sórdidas de perpetuar no poder o notável presidente, buscando doar-lhe de um mágico anel que isolasse a ética, a virtude e a dignidade.

 

            Blindou com um tecido mágico o presidente, protegendo-o das inúmeras armadilhas que os seus “companheiros” de partido armaram para que caísse. Hipnotizou o povo para sempre dizer “sim” aos institutos de pesquisa, fazendo com que a popularidade do metalúrgico crescesse a cada escândalo decantado.

 

            Soltou nos ares do Congresso um pó mágico, que fazia com que todos se envolvessem em escândalos, habilmente dissimulados e enterrados na escura caverna onde mora um dragão sonolento.

 

            Como nem tudo é perfeito, outros dois bruxos, da mesma escola, estagiando na Bolívia e Venezuela, provocavam o líder canarinho com bravatas dignas de um romance surreal.

 

            O bruxo, tendo concluído o estágio, voou para a Inglaterra, no dia da abertura do PAN, tendo o metalúrgico sido vaiado e preterido na abertura do evento. Será que o encanto acabou?