O VÉIO RANZINZA E O MÉDICO BRINCALHÃO

Tenho um vizinho lavrador octogenário, sujeito sisudo, sério, não gosta de brincadeiras. Como gosto de prosear com pessoas idosas coletando coisas engraçadas para contar em meu programa radiofônico, fico “puxando” a língua dele, mas dificilmente sai alguma coisa risível.

Certa tarde, passei pela casa dele e ele sentado em um tosco banco de madeira que ele colocou no passeio para ficar vendo o movimento da rua. Ele parecia mais irritado do que de costume. Falei com ele:

-Que isso sô Antonho, que carranquice é essa?

Ele respondeu:

-Ara, sô, cabei de vortá do dotor, e esses infiliz num leva a gente a serio, ficam só gaiofano da gente...

-O que aconteceu? Perguntei curioso.

-Eu fui no dotor lá do meu Psf, e cumecei a contá minhas murrinha, minhas macacoa e ele paricia que nem tava iscuitano...Falei das dor nas perna, na cacunda, das junta...

Ele deu uma tragada no cigarro de palha, uma cuspida de lado e continuou:

-Despois deu contá tudo que tava sintino, ele falô ansim:

-Sô Antonho, essas doraiada que o sinhor ta sintinho é curpa duma coisa que o sinhor já feiz muito...

Eu rispundi na bucha:

-Coisa queu já fiz muito? Eu sempre fui uma pessoa controlada, regrada, nunca fiz istravagança ninhuma...Mais o que é queu fiz tanto anssim?

Ele rino na minha cara falô:

-Aniversáro!

-Ah, fedaputa...