3 Fábulas Modernas Nada Fabulosas
(Atenção - o autor comunica que: diante da violência inexplicável dos jovens instruídos, e bem alimentados, e mimados, da classe média, dos contundentes atentados contra a ética vindos do Congresso Nacional, e do atual futebol da seleção nacional, carece atualmente, até que o céu se abra e uma voz o ilumine, de falta de inspiração).
Número 1 – O Futuro
E o pai, um simpático primata, diante do filho rebelde:
- Filho, você não estuda, é desobediente, mal-educado, implicante, bate nos seus colegas, passa-os para trás nos jogos e brincadeiras. O que você quer ser quando crescer? Um político?
Moral da História: e precisa?
Número 2 -
O soldadinho de Plástico
Era um soldadinho de plástico,
Armado até os dentes na prateleira esquecido.
Diante do videogame, do computador e dos ¨celulofones¨ com mil e tantas utilidades,
Virou o brinquedo antigo um inútil vagabundo.
E daquele isolamento completo, admirava na rua, através da janela, todos os dias, uma jovem bailarina instalada na fonte na praça, sendo banhada por água gelada e ficou com pena dela e amou-a como nenhuma estátua jamais antes foi amada.
Sonhava em protegê-la e juntos, dentro dele, viveram um grande amor.
Moveu-se então, como se movem os soldados que lutam por nada e, aproveitando da distração dos outros, saltou pela janela, mas bateu no vidro e quedou no chão, vencido. Não tendo vida, a nossa vida, não sabia de muitas coisas do mundo e o vidro era uma delas.
Foi encontrado pelos dentes do cachorro que o recolheu ao lixo – cachorro esperto e vilão da história. E que boa história seria essa sem um bom vilão?
No lixo ficou até ir parar diante dos dentes do caminhão triturador e, graças às artimanhas do destino, que queria o amor, foi lançado para fora quedando-se sobre a grama e enfrentou o sereno da madrugada e uma chuva fina de gelar a alma de quem tinha uma, mas ele não a tinha. Tinha apenas coração e paixão.
Durante o dia um garoto o achou e foi com ele brincar diante da fonte e da sua bailarina.
Soube então do tamanho dela e do seu.
Ficou com tanta vergonha pelo impossível daquele amor que queria a morte em campo de batalha.
Foi esquecido na fonte, sobre a pedra fria, convertida pelo calor do sol em violenta chapa de arder.
E ardeu e queimou e fumegou até que, derretido, tornou-se uma mancha em forma de desilusão...
Moral da História: O amor, de longe, é ilusão. O verdadeiro amor sobrevive às diferenças e ao desencanto!
Eram dois terríveis adversários,
O ônibus e o carro particular.
O automóvel, como bem dizia, era rápido e ligeiro e rasteiro tendo milhares de cavalos de arrogante potência brilhando em seu metálico prateado.
O ônibus, ao contrário, padecia de moral baixa e vivia lotado até os dentes - se os tivesse.
Vivia o automóvel acelerando e impondo o seu vigor ao pobre operário coletivo:
- Sou rápido e bonito e todos me amam.
O ônibus, coitado, somente se lamentava:
- Sou grande, lento e suporto suores e odores que me envergonham por fora e empestam por dentro – sou um perdedor.
- Quê isso ônibus, vamos disputar uma corrida? – Disse o automóvel, cínico, querendo tirar uma onda de condescendente.
- Só se for amanhã, na Avenida Central, na hora do ¨rush¨.
- Combinado.
E na hora marcada, os dois lado a lado, deram o arranque inicial que valeria por toda a Avenida. O carro, que somente circulava por condomínios de elite e vias nobres, não conhecia os atalhos e empecilhos e não sabia do corredor central e preferencial das lotações. Ficou trancado no trânsito lento e viu o ônibus avançar.
Ao final, tendo chegado meia-hora antes, gritou de longe o operário:
- Antes ser grande lento e feio, mas saber por onde ando, do que bonito e rápido, mas não saber por onde ir...
Moral: O excessivo individualismo da sociedade atual, um dia, engarrafará o progresso de tods!
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