O PROBLEMA DA VARA


 
Exmº. Sr. Dr. juiz de Direito e Ministro da Justiça do Reino de Gorobixaba, ALTAIRINSKY MENDESEV; da 16ª. (décima sexta) Vara do Trabalho do Reino de Gorobixaba; eu ARDILOZAYEVA MUTRETENKA, advogada do reclamante DOIDIVÂNIO MALUKET, vem, ante a presença de V. Ex.ª. informar que, de uma forma ou de outra, resolvi renunciar aos poderes doados pelo autor na folha da procuração. Que a presente renúncia tem motivos justificadores suficientes, trazendo desânimo até a alma. Sou considerada uma advogada, até certo ponto brilhante, pois sou competente, conheço muito do direito, o errado e o certo. Minha insatisfação é originária das constantes mudanças no nome da Justiça do Trabalho. Antes, chamava-se JCJ (Junta de Conciliação e Julgamento); e agora passou a chamar-se "Vara". Esta nova denominação me trouxe e me traz diariamente imensos e grandes constrangimentos.
Antes, para vir fazer audiências ou acompanhar processos eu entrava na Junta, e agora sou obrigada a dizer "estou entrando na Vara", "fui à Vara", "fiquei esperando sentada na Vara". Não concordo. Sou mulher, casada, mãe de família, respeitada e não gosto de gracejos.
Deixo a “Vara” para quem gosta! Nem sei quem gosta, acho que homossexuais, criadores de porcos... Pois bem, que fiquem com a “Vara”, permaneçam na “Vara”, trabalhem com “Vara”. Saio desgostosa por não concordar com o termo pornográfico: VARA... vara para lá, vara para cá...
Outro dia, estava entrando no prédio da Justiça do Trabalho e o meu telefone celular tocou. Era meu marido. Ele perguntou: "onde você está"? E olha só o constrangimento da minha resposta: "Entrando na décima sexta Vara".
Assim, comunico minha renúncia. Já comuniquei verbalmente a meu ex-cliente, tudo na forma da lei.
Assim posto, peço e aguardo deferimento.

Gorobixaba, tanto de tanto de dois mil e tanto.
 
 
ARDILOZAYEVA MUTRETENKA
Advogada – OAB – GO – 171.171