O CHAPÉU DE MARIACHI

Certa vez entrei na sala de um dos gerentes da empresa que trabalhava e fiquei surpreso com sua coleção de bonés que ele tinha. Bonés típicos dos lugares pelos quais ele viajava. Troquei com ele um boné meu de pesca e ganhei dele um de padeiro usado na China. Esse boné não tinha aba protetora de olhos, mas tinha protetor de orelhas. Naturalmente, não precisava da aba frontal, afinal era para padeiro. As abas que cobriam as orelhas podiam se juntar abaixo do queixo. Entendi que era para ser usado no frio e é o que fiz para dormir confortavelmente como agasalho para a cabeça e as laterais da face. Isso me deu uma ideia: colecionar chapéus típicos.

Eu tinha um sombreiro de palha tipicamente de camponês mexicano para usar em pescarias, mas era tão grande que ocupava um bom espaço no porta-malas do carro. Ajeita-o aqui e ali e ele ficou dobrado parecendo uma esteira de palha. Ele era bom demais para proteger do sol, tanto a face quanto as laterais. Ótimo chapéu para pescaria, mas incômodo para ser transportado.

Sou um grande fã de mariachi. Adoro desde criança as músicas mexicanas e apreciava ver os mariachis no cinema com aquele chapelão bem trabalhado, os coletes e as calças. Um belo traje de cantor e não um só, mas uma orquestra com pistões, violinos, violões e o destaque do chapéu.

Meu filho ia viajar a trabalho para o México, então corri numa chapelaria de um shopping e tirei a medida de minha cabeça em centímetros e em polegadas e pedi a ele que me comprasse um sombreiro de mariachi. Assim eu teria um autêntico sombreiro mexicano. A viagem de meu filho foi cancelada e eu fiquei sem o sombreiro sonhado. Foi uma grande frustração. Ponha tristeza nisso!

Outro dia procurando na internet por um cantor de bolero, vejo um cantor com aquele meu sonhado chapéu. Deixei meu cantor de lado e eis que assisto ao vídeo do cantor de sombreiro e em seguida vem uma gama de canções mariachis e grandes orquestras e vendo a posição de cada interprete me toquei: Se meu filho comprasse um chapéu daqueles que incômodo teria, só a caixa já seria maior que sua bagagem e meu filho seguiria para o Estados Unidos levando aquele trambolho que não caberia no compartimento interno de bagagem. Teria que ir para o compartimento de carga e aí ele ficaria achatado como o de palha. Mas, imaginem se meu filho enfrentasse esses transtornos todos e me presenteasse com o um sombreiro. Tenho certeza que a primeira coisa que eu faria seria colocá-lo e me olhar no espelho e depois onde iria guardá-lo? Se saísse com ele na rua, certamente o povo diria: - Olha só o Aparício. Até meu nome trocariam. Sol, eu sei que não iria tomar, mas seria o cúmulo do ridículo. O único lugar em que o chapéu não atrapalharia seria a parede da sala. Pendurá-lo? Nem pensar, eu apanharia. Estou feliz por não ter um sombreiro e não ter dado trabalho ao meu filho.

SANTO BRONZATO
Enviado por SANTO BRONZATO em 17/05/2016
Reeditado em 10/06/2016
Código do texto: T5638380
Classificação de conteúdo: seguro