PÃO COM MORTADELA
O vendedor de pão passa montado em sua bicicleta e grita:
-Olhe o pão!
-Um malandro parado na esquina ordena:
-Espere! - vem recheado com mortadela?
-Não! Por quê?
-Porque com mortadela eu não pago.
-Como assim?
-Não pago e levo para casa R$ 30,00.
-Como assim? – impaciente questiona o vendedor.
-Eu participo do movimento contra o impeachment.
Com o movimento que diariamente desfila pelas ruas, os panificadores brasileiros estão contentes. Joaquim João, um português sovino, radicado no Brasil há trinta anos, dono da Padaria O Pão Nosso de Cada Dia comenta eufórico:
-O Brasil é atualmente o paraíso dos panificadores. Sindicalistas levam carretas de pães para o pessoal que faz parte da caminhada. Eu até já contratei vários padeiros para trabalhar na minha padaria. Os fabricantes de mortadela também estão faturando alto. O italiano Matarazzo, argumenta que o momento é propício para investir na fabricação de mortadela:
-A hora é agora! Vendi toda minha mercadoria para um dirigente sindicalista. - diz sorrindo o empresário estrangeiro.
Nas sedes das entidades sindicais, os líderes estão recrutando as pessoas para participarem da agitação política que vive o país. Dizem que líderes conhecidos nacionalmente estão ensinando os jovens recrutados.
Na sede de um sindicato os novatos estão sendo doutrinados:
-Caminhando pelas ruas vocês gritam:
-NÃO VAI TER GOLPE!
-FORA GLOBO!
-Fora Coxinhas!
-Um novato querendo ajudar o líder desabafa:
-Fora Renan!
Outro acompanha o amigo:
-Fora Temer!
-Não! Não! Não! Não quero que mexam com os políticos agora. Estamos em negociações com eles. Temos vários ministérios para entrega-los. Estamos em negociações! Não mexam com os políticos!!!
O líder aconselha o povo da caminhada ser contrário a contabilidade da Polícia Militar.
-A Polícia Militar não sabe contar!
-Por que? – indaga um integrante.
-Quando a passeata aparece com 100 mil pessoas, a Polícia Militar contabiliza apenas 10 mil integrantes.
Um afoito berra no meio dos convocados:
Fora Polícia Militar!
Nervoso o chefe da passeata ordena:
-Não! Não! Não! O nosso foco é: NÃO VAI TER GOLPE!
E se dirigindo para todos:
-NÂO VAI TER GOLPE!
-Repitam todos!
-NÃO VAI TER GOLPE!
-NÃO VAI TER GOLPE!
Continuando o “ensinamento” o sindicalista alerta:
-Nossa cor preferida é o vermelho.
-E o azul que é a cor do céu. – tentou incrementar uma nova cor no movimento um jovem convocado, mas foi logo repreendido por um sindicalista radical que fazia parte da palestra.
-Tem outra coisa que os recrutados do pró-governo não pode esquecer!
-O que é? –gritaram todos.
-Não assistir a Globo!
-FORA GLOBO!
-FORA GLOBO!
Um inocente timidamente salientou:
-E o “Velho Chico”?
-Aqui existe o “Velho Brahma” – respondeu baixo um amigo.
Depois de várias instruções para os novos recrutados do movimento pró-governo, o líder distribuiu o famoso lanche “Pão com Mortadela” a bagatela de R$ 30,00 e para às ruas se dirigiram gritando:
-FORA GLOBO!
-NÃO VAI TER GOLPE!
-NÃO VAI TER GOLPE!