PEIDOMÓVEL
Não me lembro se foi um americano prêmio Nobel ou um mecânico português que anunciou uma grande invenção para acabar com os problemas de trânsito. Um propulsor individual. E que diabos vem a ser isso? Trata-se de um aparelho que, instalado nas pessoas, lhes proporciona velocidade e mobilidade, ora pois!
Quando colocado à venda, terá um preço módico. Todos poderão abandonar seus veículos e trafegar tranqüilamente sem problemas de engarrafamentos e falta de local para estacionar. Semáforos serão coisas do passado. Multas, nem tanto: sempre se arranja um modo de enquadrar os usuários afoitos em alguma lei.
O aparelho será semelhante a um ventilador, acoplado a uma caixinha que contém o mecanismo.
A grande vantagem do invento é a substancial economia de combustível. Será movido unicamente à base de gases intestinais, ou, em bom português, à base de puns. Os operários brasileiros que trabalham no projeto já lhe deram o apelido de “peidomóvel”.
Já imaginaram a revolução na economia que isso provocará? Os postos de gasolina serão transformados em quitandas. Ao invés de abastecer o veículo com gasolina, os proprietários do “peidomóvel” abastecerão a si próprios com refogados de repolho e pimentão.
– Vai encher o tanque, doutor?
– Não, só uma feijoadazinha. Para lubrificar, um óleo de dendê.
O aparelho, como é óbvio, será instalado naquela parte em que as costas perdem o honroso nome. Possivelmente, serão confeccionados modelos diferentes para damas e cavalheiros, nas cores mais modernas. Quando passar uma usuária bem dotada, os marmanjos poderão exclamar: que material! Ficará a dúvida a que material estão se referindo.
Com vento a favor e dependendo da pressão utilizada, o usuário poderá até levantar vôo, feito o Superman.
O grande problema será nas corridas de Fórmula Um. Quando os competidores derem partida, será aconselhável que as pessoas se mantenham distantes: o cheiro da queima de combustível poderá ser fatal.