NUMA AGÊNCIA MATRIMONIAL
A mulher magricela, acabara de introduzir o casal em uma sala ampla e luxuosa. As paredes estavam decoradas com telas abstratas e havia um imenso painel exibindo fotografias de mulheres famosas nuas. O homem, meio calvo, trajando um terno bege e gravata verde com florzinhas amarelas, sentado à mesa, após um sorriso mecânico, indicou-lhes duas poltronas defronte à sua mesa e convidou:
_ Sentem-se, por favor, bem-vindos à agência matrimonial Casamento Garantido, meu nome é Braga, Giovanni Braga, em que lhes posso ser útil?
_ Como vai senhor Braga? Sou Fernando e essa é a Isabel, nós queremos a ajuda da sua agência para nos casarmos.
_ Parabéns, vieram ao lugar certo. Cuidamos de tudo, certidão, os detalhes da cerimônia, até as alianças nós providenciamos.
_ Muito bem, só tem um problema _ observou a bela jovem de cabelos cacheados _ é que eu já sou casada.
O sujeito meio calvo pareceu perder um pouco o entusiasmo e indagou confuso:
_ Como já é casada?
_ Meu marido é um chato, e um pão-duro miserável! Quero me casar com o Fernando, mas se eu for me divorciar daquele idiota, vai demorar muito. Seu anúncio diz que vocês resolvem qualquer problema.
_ Podemos matar seu marido, senhora; só vai lhes custar um pouquinho mais caro.
_ Escute aqui, Giovanni, não queremos cometer assassinato.
_ Perdoe-me meu amigo, vou explicar melhor: podemos obter um atestado de óbito falso, assim a senhora se torna viúva e fica livre para se casar.
_ E quanto tempo isso leva? _ perguntou Isabel, interessada.
_ Uns dois dias, creio eu.
_ Puxa, vocês são eficientes mesmo!
_ Certamente, meu caro Fernando. Ah, podemos também enviar-lhe pelo correio, se vocês quiserem, nosso exclusivo chapéu de corno manso.
_ Não queremos, obrigada! _ apressou-se logo em dizer, Isabel, mas Fernando já soltava estridente gargalhada:
_ Sim Braga, o chapéu de corno vai ser ótimo.
um mês depois...
_ Boa-tarde, senhor! _ começou a dizer o homem nervoso _ Sou o ex-marido da Isabel, aquela moça que se casou pela sua agência há algum tempo. Vim reclamar de...
_ Olhe rapaz, aqui nessa empresa fazemos negócios honestos; se ousar nos processar, prometo que meus advogados irão comer você vivo. Você irá perder até as calças e depois eu vou lhe dar um belo chute na bunda.
Desanimado e intimidado, o pobre homem gaguejou um pouco antes de falar:
_ Não senhor, sabe o que eu queria: é que o chapéu que vocês gentilmente me enviaram é da cor marrom, se importariam em trocar por um da cor azul?