A Briga de Lula contra Lula na Terra da Pedrada
Quem contou foi quem entende do assunto.
Aliás, quem CONTARAM, foram quem ENTENDEM.
Deu uma maré de azar, que antes era só marola.
Por enquanto, mas somente por enquanto, polvo e lula ainda convivem na mesma rede de relacionamento. Nem um nem outro se estranharam de vez. Mas nessa rede já deu muito cascalho, suficiente para romperem-se algumas tramas.
Caso o amigo não entenda essa linguagem, por não entender de rede de pesca, leia o meu texto “A CAPTURA DE LULA”, neste mesmo bate-UOL.
Este humilde caubói que vos escreve entrevistou um entendido de camisa vermelha, alguns instantes depois de o entendido ter levado aquela bordoada da Polícia Militar, bem em cima do corte feito pela pedrada tomada durante a briga na frente do Fórum.
Foi um tanto difícil colher o depoimento do sujeito, ainda um tanto exaltado, que se mostrava mais preocupado em saber se o vermelho do sangue escorrido havia manchado sua camisa vermelha.
Tratava-se do sindicalista Moab Surdo, assim conhecido porque havia conquistado aposentadoria aos 27 anos de idade por ter sido vítima da perda parcial da audição no ouvido esquerdo.
Dizia ele repetidamente que era feito de pedra, e que era assim mesmo que não tinha medo de pedrada. Considerava-se ele próprio uma rocha. Vangloriava-se de que "na briga entre maré de coxinhas e a rocha, quem perdeu foi o boneco Pixuleco (que naquele momento agonizava,
resultado das facadas ali próximo)".
Como um entendido que é o Moab, ele me explicou que a maré ainda está para peixe; e que Lula e Polvo jamais brigarão como desejam os coxinhas que vivem nas conchinhas do mar das Calças Quadradas do arquipélago dos tucanos.
Falava com a autoridade de quem foi treinado em assuntos de marolinhas diretamente com a oceanógrafa que mais entende de LULAS e POLVOS, a doutoríssima Rosemary de Fernando de Noronha.
Olhando direitinho (tanto pela esquerda, quanto pela direita), o vermelhudo até que tem razão.
Digo assim porque daquilo que assisto nos documentários do Nat-em-Gel (na TV a cabo e demais patentes), o maior inimigo da Lula pode ser a própria Lula.
Uma vez havendo entrado em contato demorado com aquele tal de Petróleo (que andou contaminando os mares onde o polvo não alcança, mas as lulas conhecem bem), o bicho-lula deixa os tentáculos ficarem muito expostos à visão dos habitantes da superfície.
E todo mundo sabe que um bicho desse tipo chama a atenção dos predadores terrestres que avançam com seus arpões.
O problema maior é que uma Lula assim, muito cheia de toda aquela graxa, perde a graça a tal ponto que o polvo não se reconhece mais como sendo parecido com ela.
Assim, tanto nos mares como em toda a terra da pedrada, até mesmo a própria Lula não mais se aceitará quando se olhar no espelho e começará a perder a própria identidade, ainda mais quando lhe dizem que um banho de lava-jato poderia ajudar a eliminar boa parte das manchas. Justamente porque o pobre bicho receia que, saindo-lhe as manchas, saia-lhe também a vida.
Acreditem, eu vos afirmo, que daqui por diante veremos que a captura NÃO vai mais ser tão difícil, porque vai ser brevemente legalizada e ENTÃO qualquer lula encontrada nessa situação descrita será facilmente reconhecida – e o polvo não vai estar dando a mínima “para isso tudo”.
Até as próximas pedradas.