HÁ VÍRUS E VÍRUS
“… Até as próprias palmeiras
Com o tempo altaneiras
Acabam por rastejar.”
Abel da Cunha
Andam vírus nas palmeiras
Quase há uma dúzia de anos
E não se tomam maneiras
De eliminar os tiranos.
Há males que são tão velhos
Que ninguém presta atenção
E agora há escaravelhos
Quais pragas de perdição.
A urbana jóia da coroa,
Nobre pérola turística,
Vai morrendo pela proa
Na estética paisagística.
Entidades imponentes,
Discretas ou gigantescas,
Caem pra sempre doentes
Em epidemias dantescas.
Estas soberbas palmeiras,
Extasiantes ao olhar,
Apesar de altaneiras
Culminam por rastejar.
Perdigão perdeu a pena,
Proclamou o trinca-fortes,
Não há mal que lhe não venha
No viral fio dos cortes.
Para esta calamidade
Nem os cães são solução
Só resta a fatalidade
Da civil indignação
Entre os vírus mais nefastos
Desta pobre humanidade
Emergem os míseros gastos
Dum fisco sem piedade.
Definham os palmeirais
E definha o Zé-povinho
Perante estes e outros sinais
Fica a alma em desalinho.
Besouros, dengues ou zikas,
Impostos que são maldições,
Antes mordessem as tricas
Que corroem as Nações.
Frassino Machado
In ODIRONIAS