Pastel de camarão
O Juvenal Cambota era a gozação personificada. Jogava nada, mas acompanhava embaixadas de futebol só para criar o burburinho. Uma vez, saindo com sua turma da provincial Pitangui das Minas Gerais, foi ao mais interiorzão Martinho Campos, para uma disputa amistosa.
Do jogo, ninguém se lembra mais, se é que chegou a haver em meio àquele calorão dezembrino. O bão foi a ida a uma lanchonete, onde a turma rachou o bico na cerveja e já ia partindo pro tira-gosto, quando viu anunciados: pastel de carne, pastel de queijo e, pasmem, pastel de camarão,
Todo mundo foi na aposta mais segura, da carne e do queijo. O ousado Cambota é que se aventurou a pedir o de camarão. Camarão por aqui? Todo mundo desconfiou, e muita gente até nem atinou para o que seria a tal iguaria.
Até que veio a encomenda pra todos. Ao pegar o que lhe competia, Cambota deu de cara com um pastel vazio. De pronto, indagou o menino servente, filho da proprietária do estabelecimento:
- Ué, minino, esse aqui veio sem recheio. Cadê o camarão?
Ao que o garoto responde expeditamente:
- Ah, moço, como tem gente que gosta, e gente que não gosta, a mãe prefere num botá nada aí dentro, e o povo se acostuma...