Ô "coisa ruim"
Cercado de bambum, vara fina !
-Que depois de seco não dobra,durável como qualquer outra madeira, essa era a defesa de jajão, velho de guerra,camisa suada , era assim que chegava da lida no fim do dia.No cercado ele criava cabras, para comercio e uso do leite , desse fazia até alguns queijinhos para as crianças. O reprodutor era um bode velho de nome Guarani, o danado fedia tanto, que o apelidamos de “ Ô coisa ruim” este nos metia medo, ninguem se aproximava, a não ser Janjão.Sabíamos o que nos esperava ,caso entrasse ali..
Numa manhã meio cinzenta, Guarani estava enfezado, partiu para cima de Janjão com toda furia, é que Janjão cismou de manusear algumas cabras leiteiras de um espaço para outro, lugar onde a pastagem era mais densa. O bode velho arrepiou e veio com toda furia , vindo assim, defender seu rebanho,as cabras se espantaram com aquela confusão,e acabaram pulando a cerca e o bode velho também,a criançada que de lonje observava, disparou na correria, a pastagem ficou toda amassada , criança rolando para todo lado,naquela gritaria.Guarani com toda sua furia só enxergou Janjão, dando-lhe uma cabeçada jogando o coitado numa vala espinhenta.
A meninada observava de longe entre risos e medo, ninguém se arriscou a defender Janjão, este quando se livrou do animal, saiu da lá todo espetado, roupa rasgada sobrando-lhe alguns retalhos.
Na manhã do outro dia Janjão tratou logo por o bicho “ Ô coisa ruim” à venda,mas quem disse que alguém comprou,Guarani continuou ali, mas desta vez confinado em um espaço onde era alimentado de longe.
A vizinhança tratou logo espalhar a noticia do acontecido,a criançada o espiava de rabo de olho,mas de longe, temendo algum ataque.
O bicho urrava dentro da jaula como um “ Ô coisa ruim” o fedor aumentou, ficando insuportável,quanto mais pra Sr, Janjão.
O velho então resolveu sacrificar o bicho,dando-lhe uma paulada na cabeça,enfiando-lhe uma faca pontiaguda direto no coração,era então a hora da desforra.
Mas e a carne? Que ousava comer, aquilo fedia muito mais que o bode quando vivo, a carne então fora jogada aos cães, que devoraram sem pestanejar,a couraça fora embalada e enterrada bem longe de casa, mesmo assim o fedor continuou por vários dias, entranhado nas narinas de quem participou da cena.
Jajão não se desfez da pata do bicho, cismou de guardar a pata esquerda trazeira,como lembrança,entre as outras penduradas na parede do paiol de milho.Lá estavam todas as lembranças , patas de onça, anta, capivara, macaco,entre outros bichos,pois Sr, Janjão era caçador na região, famoso por andar por aquelas bandas,durante à noite, enquanto os filhos e a esposa dormiam, dali retirava o sustento,na mata escura montava suas armadilhas.
A criação de cabras leiteiras era mais diversão que trabalho,a criançada se divertia alimentando os bichos nas manhãs ensolaradas.
Sr, Janjão um dia assentado na varanda da velha casa de madeira, repassando os pensametos,tentando se livrar das lembranças que lhe causavam tristeza, se aconselhou com sua esposa,um modo de viver em outro lugar, uma vida diferente, da que levava por ali.
Animada com a ideia, de não mais ter que viver a espera do marido,no fim do dia, quando então chegava cansado,causando desgosto em sua vida, resolveram então se mudar para cidade grande, em busca de novos horizontes.