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O SABONETE
 


Uma tarde, Pompeu, o namorado de Julieta, apareceu-lhe sorridente com um pequeno embrulho na mão.
- O que é isso? Será uma prenda para mim? – Perguntou ela, curiosa.
- É sim, meu amor… Abre lá…
- Oh… É um sabonete. E dos bons… Pelo menos pela embalagem, parece…
- É sim, querida! Comprei-o numa loja de produtos especiais. Afiançaram-me que quem se lavar com ele fica com poderes adivinhatórios. Também comprei um para mim, hoje utilizei-o e acho que dá mesmo resultado. Queres ver? Espera aí…
Ele olhou à volta e depois apontou para um homem ali perto.
- Olha aquele senhor, ali adiante, a caminhar distraído. Repara, vai tropeçar e cair.
Passados instantes, o homem visado escorregou mesmo e caiu.
Julieta ficou incrédula.
– Hummm… Penso que isso foi apenas coincidência…
- Queres ter mais provas? Pois bem, repara naquele vaso que está na janela do primeiro andar do prédio cinzento… Esse mesmo… Vai cair e por pouco não vai acertar na senhora de idade que em baixo passeia o cão…
Instantes depois, o vaso despenha-se cá em baixo e por um triz não acerta na idosa. Após a surpresa, ela invetiva o habitante da casa a cuja janela assomou, alertado pelo alarido e então estabelece-se uma grande discussão.
- Extraordinário… Disse Julieta.
- Querida, e se fossemos a tua casa experimentar? Não está lá ninguém, a tua mãe foi trabalhar cedo, como de costume…
Julieta pensou um pouco, olhou para ele avaliando a sua sinceridade e depois lá condescendeu.
- Está bem, vamos então ver esse efeito milagroso…
Chegados a casa, ela disse-lhe para ficar sentado na sala e então pegou numas roupas e foi para o banheiro.
Estava ela dentro da box, molhada e a passar no corpo com o tal sabonete quando Pompeu abre a porta e entra, pelado, ficando junto dela.
- Que abuso é este?
- Querida, não tenhas medo. Apenas vou ensaboar-te com muito carinho e cuidado. É que para dar efeito tem de ser outra pessoa a passar o sabonete no teu corpo lindo – disse ele mirando-lhe as curvas, cheio de desejo.
Julieta refletiu um pouco e depois, encolhendo os ombros, deixou-o ensaboá-la. As mãos dele eram muito macias e acariciavam mais que esfregavam. Às tantas sentiu que ele estava a ficar assanhado e disse-lhe:
- Credo, Pompeu, até parece que queres fazer amor comigo…
- Vês, meu amor, vês? Já estás a começar a adivinhar…
 
 
 
 
Ferreira Estêvão
Enviado por Ferreira Estêvão em 08/12/2015
Reeditado em 08/12/2015
Código do texto: T5473710
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