ENTRE O CUCO E O AVEJÃO
«Do relativismo português»
Nesta onda Einsteiniana
Sempre prenhe de emoções
Voam de alma desumana
Vestidos de contradições.
De corpo sempre frenético,
Asas pardas, imberbes penas,
Duplo espírito esquelético
Co´ um só horizonte apenas.
Em clara imagem pautada
Entre duas maquinações
Agem de forma vincada
Os cucos e os avejões.
Ninguém lhes segura o freio
E, quando menos se espera,
Entre a ousadia e o receio
São na identidade quimera.
Quer seja no ninho ou no ar
Mostram o bico e as ilhargas
Fingindo que estão a voar
Em fulvo chão, vistas largas.
Neste relativo modelo
Direccionado ao poder
Perde o velho do Restelo
Toda a sua razão de ser.
Diz a sapiência moderna,
Duas teses um só objectivo,
O que hoje é verdade eterna
Amanhã será relativo.
E se o relativo é de vez,
Havendo ou não harmonia,
Neste estado português
Tudo o que luz é fantasia.
Entre o cuco e o avejão
No que toca ao que se olha
Dirá sempre o cidadão:
Que venha o diabo e escolha.
Com tal angústia e dilema,
Como reza a tradição,
Neste país ninguém tema
Mais vale cuco que avejão!
Frassino Machado
In ODIRONIAS