O CAIPIRA ESPERTO E O SOLDADO DA POLÍCIA AMBIENTAL

O vaqueiro Quinzinho do Gamelão adorava uma farofa de tatu. A caça foi proibida e ele ficou sem o seu tira-gosto preferido. Certa noite ele as escondidas resolveu caçar um tatuzinho para uma farofa. Ficou sabendo que um mandiocal de um de seus vizinhos estava infestado por tatus, que faziam uma verdadeira bagunça no local.

Lá pelas tantas, pegou seu velho Ford Corcel e dirigiu-se para lá. Com o auxilio de lanternas, espalhou várias gaiolas armadilhas pelos buracos abertos pelos irrequietos cavocadores. No dia seguinte foi recolher as gaiolas, havia capturado apenas um tatu galinha. Pegou as tralhas, o animal e colocou tudo no porta malas do veículo. Deu um tremendo azar: logo após rodar poucos quilômetros foi parado por uma blitz da policia ambiental. Os policiais mandaram-no descer e começaram a vistoriar o veículo. O policial ao abrir o porta malas logo viu o tatu. Foi dizendo:

-Tá ferrado! Capturar animal silvestre em vias de extinção, cana preta! Art. 29 da Lei 9.605 de crimes ambientais.

Quinzinho sem se perturbar disse:

-Queisso, sô guarda, num cacei esse tatu não, eu criei ele desde fiote, esse tatu é meu bicho de istimação, ele é insinado...

-Que bicho de estimação que nada, teje preso!

-Carma sô guarda, eu vô prová pro sinhor que ele é insinado: o sinhor sorta ele aqui no chão, dexa ele corrê, é só eu dá dois subíos que ele vorta aqui pra mim...

O militar não acreditou naquilo, mas curioso, tirou o bicho do porta malas e soltou no chão. O bicho naturalmente ao ver-se livre saiu correndo desesperado pelo mato, sumindo. O policial disse:

-Vamos lá, assovie, quero ver se o tatu é mesmo ensinado.

Quinzinho disse fingindo surpresa:

-Tatu? Que tatu?

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HERCULANO VANDERLI DE SOUSA
Enviado por HERCULANO VANDERLI DE SOUSA em 16/11/2015
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