O MÉDICO SANITARISTA PALESTRANDO SOBRE O MAL DE CHAGAS NA COMUNIDADE RURAL

Meu pai faleceu aos quarenta e dois anos vitima do mal de Chagas. A doença era muito comum nas comunidades rurais. O barbeiro transmissor da doença alojava-se nos nichos das casas, geralmente de sapé e de pau-a-pique. Após descobrirem a doença e a causa, o governo começou a dedetização. Era terrível, o inseticida BHC (Hexaclorobenzeno) era borrifado nas casas sem ventilação e o pessoal dormia respirando o veneno.

Certo dia um médico sanitarista visitando uma comunidade rural resolveu fazer uma palestra alertando sobre a doença. Reuniu várias pessoas em um prédio de uma escola começou a palestra. Notou que as pessoas, simples, sem instrução não estavam entendendo o que ele dizia. Aí começou a usar uma linguagem simples explicando que o inseto barbeiro era o transmissor da doença. E disse:

-O barbeiro em si, se não estiver infectado é um inseto comum, sua picada não causa maiores danos a não ser coceira. Para o inseto estar infectado, ele teria que “chupar” em um animal que tivesse o micróbio “Tripanosoma Cruzi”, por exemplo um veado, um tatu...

Após uma pausa, continuou:

-Após “chupar” no veado ou no tatu, ele vai e chupa nas pessoas e após o ato ele defeca no lugar. Alguém da platéia pediu maiores explicações. Ele disse:

-É simples, ele após chupar as pessoas dormindo, geralmente no rosto, ele caga ali mesmo, e como o local fica coçando a pessoa automaticamente começa a coçar e leva as fezes para a ferida onde o micróbio penetra e provoca a doença de Chagas.

Um dos roceiros, gozador inveterado comentou com seu vizinho:

-Bicho safado esse tal barbeiro, chupa no viado, despois vem, chupa na gente e ainda caga na gente...

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