O ESPETÁCULO DÁ VIDA - capítulo VII
TINGIR OS CABELOS
De noite, o circo já estava movimentado e as pessoas felizes e ansiosas para o espetáculo começar. Tinha gente comendo pipoca, tinha gente cmmprando ingresso, tinha gente sorrindo alto e apontando! E Gage veniia os ingrsssos na cabine e um homem, vestindo um belíssimo terno cinza, foi comprar um.
- Boa noite, palhaço - disse o homem com Gage.
- Boa noite, meu jovem! -disse Gage - gostei do seu terno!
- Obrigado, achei que realçava algo em mim.
- Com certeza seus cabelos cinzas! Ha! Ha! Ha!
- Ha! Ha! Ha! Ha! Pode me dar um ingresso?
- Não, mas posso te vender um!
- Ha! Ha! Espertinho!
- Aqui está - falou Gage, entregando um ingresso ao homem.
- Obrigado! - falou o homem, pagando o ingresso.
O homem caminhou até a entrada do circo e cumprimentou seu Italiano.
- Olá! - ele disse.
- Olá, seja bem-vindo ao circo Atrazzioni! - falou seu Italiano.
- Obrigado! Estava ansioso para vir, gosto muito de atrações circenses e queria ter trazido meu filho, mas ele adoeceu.
- Puxa, que pena...
- É. Também chamei minha esposa, mas sabe como é mulher de prefeito, quer sempre estar em eventos importantes e tal!
- Prefeito?
- É, eu sou o prefeito de Felicidade - dizia o homem, todo risonho - e posso dizer que fiquei muito feliz com a vinda de vocês!
- Nós que ficamos felizes com a sua vinda! - exclamou seu Italiano, nervoso.
Gage ouviu toda a conversa e esbugalhou os olhos, então correu para falar com o prefeito.
- Ei, seu prefeito - Gage dizia, envergonhado -, aquilo que eu disse sobre o seu cabelo foi só uma brincadeirinha, viu? Hehe...
- Ha! Ha! Ha! Não tem problema! - disse o prefeito - também acho que estou precisando tingir os cabelos.
DESMÁGICO
dando início ao espetáculo, seu Italiano chamou a primeira atração da noite: as gêmeas Clara e Clarita, se balançando de um lado para o outro, no trapézio.
- Vejam como elas se balançam! - dizia seu Italiano - elas vêm e vão, vêm e vão, vêm... Vêm... Vêm...
Clara não estava conseguindo tomar impulso para chegar ao outro lado, enquanto Clarita esperava, impaciente.
- É, ela não comeu feljão hoje - falou Italiano e o público riu -, vamos dar uma forcinha para ela... Quando eu disser "vai" vocês dizem "magrela!"
O pessoal gostou da brincadeira e seu Italiano gritou:
- Vai...
E o público completou:
- Magrela!
- Vai...
- Magrela!
Clara usou toda sua força e se balançou para frente, conseguindo agarrar os braços de Clarita, que ia de encontro no outro trapézio.
- Não se preocupem, devido à falta de treinamento, devolveremos metade do seu dinheiro - dizia seu Italiano -, dez centavos!
E todo mundo soltou gargalhadas e aplaudiu as gêmeas, ao passo que elas iam saindo.
- Magrela é a sua vó! - disse Clara, para seu Italiano e se foi.
- Hehe... Agora, vinda direto de uma caixinha de música... Lilie, a bailarina, dançando Lago dos Cisnes!
Lilie entrou saltitando, com seu vestidinho rodado e na pontinha dos pés e seus olhinhos pareciam estrelas e quando ela olhava para a lona do circo seus olhos eram estrelas coloridas. Gage sempre apreciava a bailarina por trás das cortinas e a amava em silêncio, tão em silêncio quanto a bailarina, mas, despropósitamente, o palhaço rasgou a cortina e caiu e o pessoal viu ele e para disfarçar, ele começou a dançar junto com Lilie. O palhaço segurou na mão da bailarina e começou a girá-la, mas ele quem acabou ficando tonto e fazia graça, o público ria, vendo como o palhaço imitava Lilie e acabava tropeçando.
- Aplausos para Lilie! - gritou seu Italiano e o público aplaudiu, alegremente.
Lilie retirou-se do picadeiro, porém, o tonto do palhaço continuou dançando, sem perceber como as pessoas o fitavam e mangavam dele, dançando feito um bobo apaixonado, com as mãos no peito e os olhos fechados.
- Vocês estão assistindo Gage, dançando Lago dos Girinos! - falou Italiano, arrancando risos da platéia.
Quando Gage se deu conta de que estava passando o maior vexame, correu depressa para trás das cortinas e ainda recebeu fortes aplausos do pessoal! Aí o espetáculo prosseguiu, com números divertidíssimos e muita pipoca e algodão doce, mas deixaram o melhor para o final... Como as pessoas almejavam muito ver um número de mágica, seu Italiano resolveu se sacrificar e transformar-se em mágico, mesmo sabendo que não sabia nada de mágica. Assim, o dono do circo foi vestir o traje de mágico e pediu para que Gage chamasse o número.
- Respeitável público - dizia o palhaço -, tenho o prazer de apresentar... Ele, que é mais bruxo que um mago! Ele, que não tem nada de magro! Ele, que tem um bigode assombrado...
- Já basta, Gage! - gritou seu Italiano, lá detrás.
- É... É... Bolebório, o desmágico!
As pessoas aplaudiram e seu Italiano entrou no picadeiro, junto com Richard, fantasiado de assistente, com uma peruca loira e salto alto, o suficiente para fazer o povo cair na gargalhada!
- Mas que nome é esse Bole... Bobelónio? - cochichou Italiano para o palhaço.
- Foi o primeiro que me veio na cabeça - murmurou Gage.
Richard se agonizava na roupa feminina e endireitava a peruca, encabulado, vendo que era motivo de piada.
- Não vou ficar aqui vestido desse jeito! - ralhou Richard para o dono do circo.
- Calma - disse seu Italiano -, é só até o número de mágica acabar. Vai ser rápido.
Todos fizeram sigilo e seu Italiano abriu uma caixa preta e pediu que Richard entrasse dentro dela, depois fechou a caixa, mas antes, Richard punha a cabeça para fora e perguntou:
- O que tenho que fazer?
- É só sair pela portinha que tem aí atrás quando eu disser as palavras mágicas - disse baixinho, seu Italiano e empurrou a cabeça do rapaz para dentro e trancou a caixa.
Seu Italiano procurou a varinha mágica, mas não a encontrou, então Gage correu e lhe trouxe um graveto. Italiano balançou o graveto e Pulguento foi numa carreira só e pegou o graveto e saiu brincando com ele.
- Ei, Pulguento, traga isso aqui! - gritou Italiano e o povo mangava.
Seu Italiano esperou que o cachorro largasse o graveto e enquanto isso, escolheu um voluntário na platéia, quem levantou o braço foi o prefeito.
- Repita as palavras mágicas - falou seu Italiano para o prefeito e pegou o graveto que o cachorro já havia largado e molhou a mão de baba -, eca!
- Eca! - repetiu o prefeito.
- Não é isso!
- Não é isso!
- Pare de falar!
- Pare de falar!
- Droga!
- Droga!
Seu Italiano meneou negativamente a cabeça e bateu forte o graveto na caixa e quando abriu-a... Richard estava atolado na portinha, com o traseiro virado para o público. Aí foi risada na certa!
- Me tirem daqui! - dizia Richard.
- Vejam - dizia o prefeito, tentando salvar o número do "mágico" -, ele fez a cabeça da moça desaparecer!
- Hehe... Thanran! - falou seu Italiano, com a cara mais lisa.
O mágico Italiano caminhou disfarçadamente até os fundos da caixa e olhou para Richard, o pobre rapaz já estava vermelho e parecia uma banana split!
- Saia logo daí! - disse Italiano, entre os dentes.
Então, Richard se punha de pé e com a caixa ainda presa na cintura foi saindo e o povo já estava com a barriga doendo de rir tanto.
- Bom... O espetáculo já chegou ao fim - disse o dono do circo, cheio de vergonha -, tenham uma boa noite!
ESPERO QUE CONTINUE
O pesooal já havia ido embora e só o prefeito continuou ali, ele conversava com seu Italiano, enquanto Gage fechava a cabine de ingressos e a gorda varria picadeiro.
- Eu amei o espetáculo de vocês! - disse o prefeito.
- Amou? - perguntou seu Italiano, surpreso.
- Mas é claro!
- Então... Não achou os números pobres?
- Não.
- E não achou as piddas de Gage sem graça?
- Não.
- E nem a mágica fajuta?
- Não! E até achei que a simplicidade de vocês foi o que tornou o espetáculo tão bonito e emocionante! A alegria que vocês transmitem é incrível e tudo é tão bom!
- Obrigado - disse seu Italiano, sorridente.
- Espero que este circo continue sempre assim e que o espetáculo nunca acabe!
- Ele não vai acabar! Não enquanto as pessoas ainda sonharem em serem felizes! Nem que seja só por uma noite.
Continua...