O que dá confiar nos louros
Uma jovem e bela senhora, visitando uma loja de animais de estimação, saiu de lá encantada com o louro que achara a preço abaixo do de ocasião. Mas a despeito daquela linda plumagem, do vendedor, pressuroso, recebeu advertência: aquele louro poderia ser perigoso, pelo seu vulgar linguajar.
Mas a compradora muniu-se de esperança, em transformar o linguajar da ave, suave, tinha toda confiança. E com prece e pressa, só pensou em graça que se alcança.
Mal em casa com a gaiola chegou, o louro então exclamou:
- Maravilha, nova cafetina, bordel novo, que alucina.
Perplexa, a bela dona ainda assim suspirou. Boa correção nele dar ainda vou.
Quando chegaram suas duas filhas adolescentes, da escola discentes
o linguajar do louro foi dos menos decentes:
- Duas quengas novas, e tão aí as provas!
Aflitíssima a dona achou melhor o marido Haroldo chegar para na bagunça um jeito dar.
E assim que na porta irrompeu Haroldo, que logo a cabeça abaixou, o louro fulminou:
- Por quê tão escondidinho, Dinho queridinho? Já não me reconhece?
Tão cedo assim, se esquece?