O que dá confiar nos louros

Uma jovem e bela senhora, visitando uma loja de animais de estimação, saiu de lá encantada com o louro que achara a preço abaixo do de ocasião. Mas a despeito daquela linda plumagem, do vendedor, pressuroso, recebeu advertência: aquele louro poderia ser perigoso, pelo seu vulgar linguajar.

Mas a compradora muniu-se de esperança, em transformar o linguajar da ave, suave, tinha toda confiança. E com prece e pressa, só pensou em graça que se alcança.

Mal em casa com a gaiola chegou, o louro então exclamou:

- Maravilha, nova cafetina, bordel novo, que alucina.

Perplexa, a bela dona ainda assim suspirou. Boa correção nele dar ainda vou.

Quando chegaram suas duas filhas adolescentes, da escola discentes

o linguajar do louro foi dos menos decentes:

- Duas quengas novas, e tão aí as provas!

Aflitíssima a dona achou melhor o marido Haroldo chegar para na bagunça um jeito dar.

E assim que na porta irrompeu Haroldo, que logo a cabeça abaixou, o louro fulminou:

- Por quê tão escondidinho, Dinho queridinho? Já não me reconhece?

Tão cedo assim, se esquece?

Paulo Miranda
Enviado por Paulo Miranda em 09/09/2015
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