Papagaiada
O papagaio do comandante do navio cruzeiro não deixava o mágico em paz. Metia-se em toda apresentação que ele fazia e ainda revelava os seus truques para a platéia. Um entojo. O mágico não via hora ou oportunidade de torcer o pescoço do enxerido.
E um belo dia o navio naufraga. Sem mais nem menos, bastou uma violenta vaga. E eis nossos dois desafetos náufragos, agarrados a uma mesmo tábua de salvação. Mas nem um pio de lá, nem outro de cá.
Silêncio gélido, mortal - e ambos boiando sem rumo. Até que, até que, o papagaio não agüentou o rompeu a mudez:
- Falaí, sô, pelo amor de Deus, onde é que ocê escondeu o navio...? Cê inda vai fazê ele reaparecê, não?