O gaúcho bebum
 
Seu Dedé conta que quando jovem trabalhou muito tempo em área de garimpo no norte do Amapá, mais precisamente no município de Calçoene, garimpo do Lourenço.
Lá, devido sua posição geográfica, já que era situado aos pés de umas montanhas, havia a necessidade de se fazer, tanto na margem direita quanto na esquerda da rua que dá acesso à currutela, uma vala para escoamento da água da chuva que em determinado período do ano era muito intensa.
Então estas valas ficavam muito lisas e se por ventura alguém caísse dentro dela, ficaria difícil sair se não recebesse ajuda de outro, principalmente se estivesse embriagado.
Coitado do gaúcho, numa madrugada do mês mais chuvoso na região o pobre, depois de uma noite inteira bebendo e farreando com algumas mulheres, caiu na vala, e lá ficou, pois não conseguiu sair e ninguém lhe ajudou, então no garimpo as coisas aconteciam assim: se cair na vala ou nas calçadas o povo sacaneia (corta o cabelo todo pirocado, raspa a sobrancelha, pinta as unhas e tudo quanto é tipo de bramura) mas com o gaúcho foi diferente, como ele ostentava um enorme bigode, com ele foi pior, um safado qualquer pegou um pedaço de pau e melou em merda e passou no bigode do gaúcho.
Quando o gaúcho conseguiu sair da vala com o dia já clareando, tinha pra mais de vinte pessoas de longe só observando pra ver o que acontecia, rapaz... foi um Deus nos acuda, o coitado do gaúcho se virava prum lado e dizia (barbaridade tchê, que fedô de merda) virava pra outro lado e repetia (barbaridade tchê, aqui também tá fedendo muito) virava pra outro lado e repetia que fedô de merda, minha nossa senhora, gagaro foi no mundo todo!
Ninguém se aguentou, todo mundo caiu na gargalhada e o coiotado do gaúcho só descobriu que seu bigade tava cagado quando ao tomar banho se livrou do fedor. Passado alguns dias não se viu mais o gaúcho por aquelas bandas, deve ter ido embora pro sul.
 
Macapá-AP, 04/08/2015.
 
Bert Noleto
Obs* imagem do google.
Bert Noleto
Enviado por Bert Noleto em 04/08/2015
Reeditado em 04/08/2015
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