Amanhã ou algum dia, não sei, vou começar a dar um jeito na minha vida, falou ele para ninguém (como se alguém o acompanhasse), respondendo a uma pergunta que não foi feita. Parou em frente ao espelho e passou a mão pelos cabelos, num gesto mecânico, que não alterava em nada o estado geral das coisas que não diziam respeito ao seu penteado e leu o seu último escrito: “Eu, inquilino de mim mesmo, todo dia brigo para renovar o meu contrato e para não chegar atrasado ao meu emprego”. Já é tarde. Dormir ou sair?
O papel aceita tudo. Garranchos sem sentido, rabiscos a esmo, desenhos abstratos, caricaturas de frente e de perfil, poesias bem feitas, poesias mal feitas, contas de somar e de diminuir, declarações de amor que nunca serão ditas, palavrões, o nome da amada do momento, daquela outra também, mais palavrões, respostas absurdas a questões cretinas, uma grande interrogação e uma triste conclusão: TUDO ERRADO!
O papel aceita tudo. Garranchos sem sentido, rabiscos a esmo, desenhos abstratos, caricaturas de frente e de perfil, poesias bem feitas, poesias mal feitas, contas de somar e de diminuir, declarações de amor que nunca serão ditas, palavrões, o nome da amada do momento, daquela outra também, mais palavrões, respostas absurdas a questões cretinas, uma grande interrogação e uma triste conclusão: TUDO ERRADO!