NÃO PERCAM O PRÓXIMO CAPÍTULO
Lá pelo 125º capítulo, reuniram-se os autores da sensacional novela “É vivendo que se morre”.
– E agora, como é que vamos desembrulhar esse troço?
– Eu inventava um filho pra Luzia. Fruto de uma relação antiga com o Rodolfo Augusto. Podemos convidar o Fábio Jr. para o papel.
– O Fábio Jr. não está meio velho?
– É que se trata de uma relação muito antiga. Da primeira fase da novela, década de 20.
– E o que vamos fazer com o Ernesto Eugênio? Até agora não sacaneou ninguém, não fez intrigas, não entrou em nenhum amor impossível.
– Como está o ibope dele junto ao público?
– Fraquíssimo. Abaixo do da Xinxa.
– Então vamos tirá-lo fora da novela. O que é melhor: uma morte súbita ou uma viagem inesperada para o exterior?
– Prefiro a viagem. Morte é mais trabalhosa. Sem falar que teremos de contratar alguns extras para o enterro.
– Por outro lado, o enterro é uma ótima oportunidade para a Luzia se encontrar frente a frente com sua rival, a Carmem. Já imaginaram a cena? Luzia de preto, com os olhos inchados. Ao levantar o véu que lhe cobre o rosto, arregala os olhos: Carmem está bem à sua frente. Aí as imagens se congelam. Fim do capítulo.
– Gostei da idéia.
– Até aí, tudo bem. Mas quem vai ser o verdadeiro pai do ceguinho Deoberto?
– Que tal o padeiro Frederico das Massas?
– O padeiro pobre? Mas aí não vai haver nenhuma sensação.
– Então vamos fazê-lo receber uma grande herança no final. Digamos que se descubra que é um descendente do conde de Vilagrana. Só quem conhece esse fato é o vilão Felisberto Troncha, que fez sumir o documento da herança.
– Que seria de nós se não fosse o famoso documento sumido. E quem assassinou o coronel? Já pensaram em alguém para ser o assassino?
– O filho do Antonio Fabrício. É o menos suspeito.
– Ele só tem seis anos.
– Mas é um bocado precoce. Vamos que o coronel ficou furioso ao perder um torneio de xadrez para o menino. Ameaçou dar-lhe uma surra de chicote. Aí o menino encontrou a arma na gaveta, apontou-a para o coronel e a arma disparou. Apavorado, o menino fugiu.
– Tenho outra idéia: suicídio involuntário! O coronel resolveu experimentar sua 45. Chegou em frente da janela e deu um tiro para o ar. O projétil acertou num disco voador que ia passando pela estratosfera, ricocheteou e voltou para alojar-se em seu coração.
– É possível. E por que não ser assassinado por um trombadinha que entrou em seu escritório para um assalto?
– Não, isso é muito fantasioso. Ninguém iria acreditar.