A Vida na Idade Mé(r)dia
“Isso não faz o menor sentido, mas eu também não faço”
Patolino
Quando o Oráculo de Delfos previu que no futuro um país chamado Brasil inventaria o Passinho do Romano, o imperador Rômulo Augusto simplesmente disse:
— Tô fora!
E abdicou do trono, juntando-se ao Último Samurai e o Último dos Moicanos para no futuro criarem o jogo The Last of Us.
E assim começou a Idade Média. Uma era na qual todos tinham 1,50m e calçavam 36, além de só precisarem tirar nota 5 nas escolas para serem aprovados. É nela que vivia o nosso valente herói, Baft. Um jovem que após atingir a maioridade da época, ou seja, 15 anos, tinha que decidir qual carreira seguir.
A maioria das pessoas queriam servir ao Imperador Carlos Magno e ganhar a vida em suas fábricas de armas ou sorvetes. Outras preferiam trabalhar para os francos, um povo sincero, em suas famosas lojas chamadas franquias. Era quase unânime que a população se recusasse a prestar serviços para a tribo dos vândalos, uma vez que o Oráculo previra que, no futuro, eles formariam os grupos mais odiados da história, como os Black Blocs, Holligans e a Gaviões da Fiel.
Com tão poucas opções, Baft foi um pioneiro na luta pela busca do primeiro emprego. A primeira recomendação foi a de seu pai.
— Procure emprego na área da construção de castelos — aconselhou o homem — Eles sempre são destruídos com tiros de canhões. Então você sempre terá trabalho.
— Canhões? — repetiu Baft, que não sabia o que era aquilo.
— Isso. São umas mulheres feias que usam um aparelho esquisito para disparar bolas de ferro. Como elas são umas barangas, deram o nome de canhão para a arma delas.
— Ah, lembrei quem são. Não acho muito bom me envolver em atividades relacionadas a elas. Aquela tribo é perigosa.
— Qual tribo?
— A tribo Fu.
— É. Tem razão. Bom, não vou mais tomar o seu tempo. Vá e volte o mais rápido que puder. Hoje será o batismo da sua irmã mais nova.
Baft saiu de casa feliz por saber que sua irmã mais nova seria batizada por ninguém menos que o Papa. Na idade média, todos o adoravam e conheciam o representante da igreja. Costumavam até dizer que o papa é pop.
A felicidade de Baft durou pouco. Arrumar um emprego era mais difícil do que parecia.
— Ei, garoto. Que tal ser servo da minha casa? — sugeriu um homem enquanto Baft andava pelo centro da cidade.
— Não, obrigado. Não quero usar um capacete com chifres de galhada — respondeu o garoto, referindo-se ao equipamento padrão de todo servo.
— Ô, menino. Quer ser um vassalo da minha casa? — perguntou outro sujeito.
— Não, senhor. Obrigado — recusou Baft. Ser um vassalo era uma das piores coisas da idade média, pois caso ele quebrasse o voto de lealdade, seria chamado a vida toda de vassilão.
Cansado de tantas buscas, Baft resolveu parar em uma taverna para comer alguma coisa. E desde a idade média, os homens desabafavam os seus problemas com atendentes, que por sua vez, sempre procuram dar sugestões:
— Garoto, você não acha que está escolhendo demais? Não quer trabalhar com Carlos Magno e nem ser vassalo... Que tal trabalhar em alguma casa de família, como a Casa Secattus, a Casa Tarcius ou as Casas Bahia?
— Essas casas são muito importantes. Não sei se tenho capacidade para trabalhar com elas — confessou Baft.
— Garoto, não precisa se rebaixar tanto. Você está parecendo uma dessas equipes esportivas que o Oráculo de Delfos previu que caem com frequência para a série B. Qual o seu nome?
— Meus amigos me chamam de Baft.
— Baft?! De onde tiraram esse apelido?
— Do som do tapa que o meu pai me dá na cabeça quando eu apronto alguma coisa.
— E você apronta muito?
— De vez em quando. Mas sei que estou errado e mereço ser castigado.
— Você é atrapalhado. Contudo tem um bom caráter. Só precisa trabalhar essa sua coragem e terá um coração de um leão, Baft. Que tal começar a trabalhar aqui na minha taverna?
Baft ficou surpreso com a proposta. E ao contrário das anteriores, não recusou.
— Eu topo! Muito obrigado!
— Não há de quê. Agora volte para dar a notícia ao seu pai. Já está anoitecendo e ele deve estar preocupado.
Baft já estava saindo do lugar quando o taverneiro perguntou:
— Ei, Baft. Você ainda não disse o seu nome.
E o garoto se virou para responder:
— Ricardo.
Baft voltou para casa e viu que infelizmente o papa não pôde comparecer para realizar o batismo de sua irmã, pois teve que ir à França incentivar nobres e guerreiros a participar de um torneio contra os muçulmanos, em Jerusalém, nos quais eles preencheriam as lacunas de uns papéis conforme solicitado. Como as palavras cruzavam entre si e o povo vencedor tomaria o controle da cidade, esse torneio ficaria conhecido como Cruzadas.
Entretanto, nem tudo foi ruim. Uma equipe de servos de um deus pagão fez o batismo com a água que usavam para lavar batatas recém colhidas. Daí, a irmã de Baft foi a primeira criança a ser batatizada, fundando assim a religião do Batatismo.
Foi um bom dia para todos.