Libambo
Na senzala, o negro não dormia feliz como queria.
Se não bastasse os açoites e libambo
Tinha que dormir aprisionado em bando
Dizia todo injuriado – Meu espaço está condicionado
Outro tiziu queria saber, que diacho era condicionado
Aliás, que negro era esse metido a ser letrado?
O nego falava sozinho, cá com seus pensamentos
Meu espaço está condicionado,
Limitado entre direitos e deveres:
Como ser humano tenho o dever de trabalhar
E porque só como animal tenho o direito de descansar?
Se o negro era metido, já o tiziu era intrometido
Dizia que negro era escravo e não gente ou gado,
Pra ter direito de sonhá ou dever de trabaiá
O nego só queria dormir folgado e não apertado,
Esquecer que o chão era seu lugar de direito, para sonhar
Esquecer que o libambo era seu lugar de dever, para viver
Enquanto isso o tiziu dormia...
Com o pesadelo de ser escravo por toda vida.
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Libambo = cadeia de ferro em conjunto de pescoço para debandar presos em lote