PAPAGAIOS E ARARAS III - ZECA, O FONOAUDIÓLOGO

Sempre que as meninas faziam aniversário, ainda morávamos em Peruíbe, a gente comemorava com uma festinha. Numa dessas festas convidamos algumas colegas das meninas junto com os pais. Durante a festa, conversa vai conversa vem, saiu assunto de papagaios e uma das famílias disse que tinha uma papagaia chamada Lola, com três anos de idade, mas que não falava. Pensaram que a Lola fosse surda, mas o veterinário em exame específico disse que estava tudo bem com a ave e que se ela convivesse algum tempo com outras aves falantes, ela logo aprenderia.

Dissemos: - Temos o Zeca e o Juca.

- Eles falam?

- O Juca nem tanto, mas o Zeca, eita papagaio palrador! Assim que o Juca começar a falar, vamos fazer uma dupla caipira: Zeca e Juca.

As crianças ficaram curiosas e então fomos até a gaiola do Zeca e para mostrar que o Zeca falava mesmo, começamos a conversar com o Zeca:

- Zeca chama a Paty e a Pity.

O Zeca – Paty, Pity, Mãe, Pai.

Dava uma nota musical e Zeca assoviava o sonhador, cantava loucuras de amor, via as pernas das mulheres que estavam de bermudas e assoviava fiu... fiu... Algumas mulheres ficaram envaidecidas e “apaixonadas” pelo Zeca. Imitava o canto do pássaro preto. Deu um show. As crianças ficaram fascinadas com o Zeca.

Propomos para a família deixar a Lola uns dias, quem sabe se assim ela falaria. As crianças concordaram, mas a mãe ficou apreensiva e perguntou:

- Onde o Zeca fica durante o dia? Respondemos que ficava na gaiola no quintal.

- Tem gato por aqui.

- Tem, mas a Kelly Fritz, uma pastora alemã, fica tomando conta.

- Mas a Kelly não fica todo tempo e na minha casa, mesmo dentro da gaiola, um gato comeu meu passarinho. Não, não, não estou confiando muito.

E para provar que estávamos falando a verdade, falamos ao Zeca:

- Zeca, o gato, chama a Kelly.

O Zeca imediatamente começou;

- Kelly gato vem Kelly currupau currupau gato Kelly gato.

A Kelly, ouvindo o chamado do Zeca, começou a latir no quintal e arranhar a porta da sala para entrar.

Depois dessa, a mulher não teve mais argumentos e as crianças pedindo, cedeu. Então, finalmente ela concordou em deixar a Lola alguns dias junto com o Zeca.

No dia seguinte, trouxeram a Lola e colocamo-la junto com o Zeca que aceitou a companhia da Lola e ela também. A Lola ficava no poleiro quietinha e o Zeca não se importava muito com a presença dela.

Durante o dia a gente tentava fazer a Lola falar.

O Zeca continuou na sua rotina, falando, cantando, assoviando, mas a Lola nada de aprender, nem uma palavra, ficava só prestando atenção.

Passaram-se os dias vieram buscar a Lola. Explicamos a eles que tentamos de tudo, mas Lola não falou nada. A dona resolveu levar a Lola embora

Mas quando ela foi pegá-la, a Lola começou a gritar porque não queria ir embora e armou o maior reboliço e desesperada gritava - Rha, rha, rha.....

E o Zeca vendo aquele reboliço todo abriu a caixa de ferramentas e começou a gritar:

- Égua, fiputa, vai cu...égua vai cu.....

E nesse momento a Lola começou a falar:

- Égua, vaicu, fiputa,

Conseguiram colocar a Lola na gaiola e ela continuava a pronunciar suas primeiras palavras: - égua, fiputa, vaicu.

E a dona com muita raiva falava:

- Estão ouvindo? Por isso que eu não queria deixá-la aqui, pobrezinha, era melhor que não falasse. Agora faz uma dupla de boca suja, sem vergonha, parece menina de rua. De Jeito algum ela volta aqui.

E a Lola continuava pronunciando suas primeiras palavras: - vaicu, fiputa égua....

Quando eles foram embora, falamos para o Zeca.

- Viu o que você aprontou? Viu a confusão que você me aprontou?

E o Zeca andando no poleiro pra lá e pra ca e meneando a cabeça, continuava:

- Fiputa, vaicu, égua.....

- Tá pensando que...

LEONEL JOSÉ BRONZATO

LEONEL JOSÉ BRONZATO
Enviado por SANTO BRONZATO em 20/02/2015
Código do texto: T5144139
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2015. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.