Bate-Papo entre Filósofos

No bar Philosophia reunia-se a nata do pensamento e da música; os filósofos e músicos de todos os tempos iam lá para jogar conversa fora e discutirem suas teorias, um mais convencido que o outro, querendo se vangloriar de conhecerem os segredos do Universo; enquanto isso, alguns músicos tocavam ,pois era o que sabiam fazer, mesmo que de vez em quando uns filósofos se arriscassem no “cara, o quê?”, que é como apelidaram o karaokê, pois eram ruins de música.

Numa mesa, um bate-papo acalorado entre Aristóteles e Platão; este , com um dedo apontando pra Terra; aquele, com um dedinho pra cima:

-Você vive nas nuvens, Platão; onde já se viu falar em metafísica? O que existe é o que pode ser visto, cheirado, comido; é lógico.

-Nada disso, Aristóteles; só porque ensinou Alexandre, o Grande, óh, fica aí se vangloriando; esse mundo é das sombras; vivemos acorrentados numa caverna de costas e só vemos as aparências; o mundo perfeito é invisível para os olhos.

-Fantasia; o que importa é a lógica e a razão.

Assentiram Descartes e Kant, sentado em um canto; rompendo sua quietude metódica e racional, exclama:

- Imperativo categórico: a razão, o dever e o ideal cristão !

- Cante alguma coisa, Kant !

- Não posso (olhando o relógio); tenho uma aula para dar pontualmente daqui a 15 minutos...

-Xi, lá vem o convencido do Nietszche; ele pensa que é o Super-Homem; que bom que Freud está aqui; ele explica tudo.

-Nein, ele é professor; não tem como me pagar!- afirmou Freud.

Nietszche chega, com aquele ar de superioridade sobre todos os humanos e aqueles bigodões de assustar todo mundo:

-O homem é uma corda sobre um abismo, entre o animal e o super-homem!

-Por isso vive sempre enrolado, kkkk- gracejou Mozart, que bebia e gargalhava ao lado.

Nietszche acha graça; depois desabafa:

Pô, que droga; a Lou não quer saber de mim...o que eu faço? E esse Clark Kent; vive me plagiando e não paga direitos autorais...

Ovídio, na ponta da mesa, aconselha:

-Meu amigo, com esses bigodões vai assustar qualquer donzela; também , foi falar que o objetivo da mulher é a gravidez...

-Não é bem isso; não sou boca para esses ouvidos...

Nisso chega o garçom:

-Bebe alguma coisa?

- Um Schopenhauer!

E você?

Heidegger declara:

Um Chopin; se não tiver, pode trazer Brams!

Mozart brinca:

Heidegger ; já conseguiu explicar o nada,kkkk!

-Nada disso; o tudo é nada e o nada é tudo !

Nisso Sartre entra na conversa, com seu cigarrinho na mão e palavras complicadas; ao seu lado , Simone de Beauvoir ouve calada:

- A existência precede a essência; somos condenados à existência; o ser do ente.

-Doente é você; (Sócrates rebate ) eu só sei que nada sei; tô parecendo estudante de colégio público; a vida está dura; dizem que corrompo a juventude ateniense; garçom, traz aquela cicuta que matou o guarda!

Nisso anunciam o show:

E agora, Lou Salomé e a dança dos sete véus !”

Nietszche arregala os olhos, mas Rilke atalha :

- Ela não é pro seu bico, digo, bigodões!

Simone de Beauvoir levanta e discursa:

-Seus porcos chauvinistas; a mulher não é um objeto!

Na outra mesa, Mozart e Beethoven conversam:

-Momô, sabe aquela minha empregada que ando pegando? Eu lhe falei:” vamos fazer a quinta? “O que ela disse? “Não, não, não , nãããoooo!!!”. Acho que dá música.

-Acho que dá mais samba, Betô,kkkkkkk!

-Sabe, já ando de saco cheio de todo mundo me falando: “Cadê a nona do Beethoven?”;”olha a nona do Beethoven;! a minha vozinha já está ofendida...

Nesse meio tempo ,anunciam a atração principal do dia: “ A dupla sertaneja Marx e Engels!

Hegel atalha:

-Marx foi meu aluno: a tese: o capitalismo produz mercadorias; a antítese: o povão não tem dinheiro e capital pra comprar nem bolinha de gude; a síntese: vai todo mundo pra pindaíba... resolvi mudar de ramo; filosofar não dá grana; vou fazer jingles publicitários: “se você quer um jardim bonito, Hegel mais!

-KKK, com isso aí é melhor ficar na filosofia, -retrucou Mozart.

Marx e Engels fazem uma dupla perfeita; uns aplaudem, outros são contra, mas, no fim , todo mundo caiu no samba, pois , como diria o filósofo corintiano, Vicente Matheus: “Quem sai na chuva é pra se queimar!”