O BATERISTA COMEU MUITO, PASSOU MAL E TEVE QUE SER SUBSTITUIDO

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Quando a orquestra Cassino de Sevilha vinha em minha cidade era o acontecimento do ano. Faziam apenas uns dois ou três shows por vez. Nosso saudoso Cine Abaeté ficava lotado, havia até câmbio negro de ingressos. No Abaeté Clube havia uma correria de sócios, querendo colocar suas cotas em dia para não perderem o show.

A cantora e dançarina de flamenco era um show a parte: Linda morena com uma voz melíflua batendo os pés e tocando castanholas e rodando a longa saia deixando vez por outra aparecer sua calcinha levava os marmanjos á loucura...

Certa vez a orquestra esteve aqui e durante um almoço, o baterista glutão inveterado, resolveu provar de um de nossos pratos principais: a vaca atolada. Ele gostou tanto que repetiu o prato várias vezes. Como seu estômago e intestino não estavam acostumados com tal refeição, ele começou a passar mal. Diarréia, vômitos, calafrios, teve que ser levado às pressas ao hospital e lá ficar internado em observação.

O Chefe da troupe ficou apertado, querendo até cancelar o show. Porém o contratante do show, disse a ele que não se preocupasse, na cidade havia um exímio baterista, que poderia substituir o integrante da orquestra. O Músico foi procurado e prontamente aceitou a tarefa. Fizeram um breve ensaio e o rapaz que era uma fera nos tambores, foi aprovado. O rapaz tinha o nome de Paulo Roberto. Mas como em toda cidade do interior, as pessoas são mais conhecidas pelo nome do pai ou da mãe. Sua mãe tinha o apelido de Rôla. Ele ficou conhecido como Paulinho da Rôla, apelido que ele abominava e até brigava quando era chamado pelo tal.

O apresentador da orquestra perguntou o nome do convidado para apresentá-lo. O contratante da orquestra, tremendo gozador disse:

-O nome dele é Paulo Roberto, mas ele é mais conhecido como “Paulinho da Rôla” é só você apresentá-lo assim.

Na hora do show com a casa repleta, o apresentador após falar suas abobrinhas em autêntico portunhol, saudar e agradecer o público, foi chamando os músicos um a um:

-No trombone, chamo o músico... No trompete o músico... na harpa o músico...Na clarineta o músico...no saxofone o músico... e foi chamando os músicos um a um de acordo sua especialidade, chamou também a dançarina Juanita e deixou por último o convidado. E assim o fez:

-Chamo ao palco, o conhecido músico local, que gentilmente aceitou nosso convite, o baterista... E esqueceu completamente o nome do rapaz. Paulinho, ansioso, esperava sua chamada ao palco. O apresentador suava frio, tentando se lembrar do nome do baterista. Por fim Paulinho, mesmo sem ser anunciado, entrou no palco com as baquetas na mão. O apresentador teve um lampejo e gritou:

-O baterista, Pablito De La Ruêla!....

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HERCULANO VANDERLI DE SOUSA
Enviado por HERCULANO VANDERLI DE SOUSA em 12/01/2015
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