A CEIA DE NATAL NA CASA DO ARTINO ANTERMS

E natal e natal e na casa do Artino Anterms:

Ja passa das nove horas e os convidados começam a chegar:

Ba noiti cumpadi Artino, oce ta bao?

_Vamo entrano cumpadi Bindito qui a cas e sua.

_Cumo vai cumadi Zefa?

_ Gras'a Deus euo to mio das do na cacunda.

Tomem du jeitu qui a cumadi trabaia?

Nisso batem palmas no portao,acaba de chegar a Maria Cunbaca e o marido o Ze Gaiada.

Em seguida chega tambem o Mane Varredo e naquela casa humilde la em Santa Rita de Cassia os conterrâneos la do Arraial dos Lopes em Lima Duarte vão celebrar o natal em família.

La na cozinha,Sia Leocádia a dona da casa e D.Zefa conversam:

_Cumadi, oce se alembra daqueis natar qui nois passava la na cas da

Vo Zabe? Aquilu qui era festança.

Craro qui si alembro, aquilu qui era fartura.

Eita muie boa i alegri.

_Cumadi Zefa fais favo di i tirano us frango du forn qui ieu ja vo po a mesa. Sera qui u perni ja ta bao?

_Ta nu pontu cumadi, ja podemo ruma a mes.

La na sala os conterrâneos conversam:

_Eita qui u cherim la da cuzinha ta dano agua na boca, diz o Mane varredo.

Maria Cumbaca junto do Ze Gaiada replica:

_Bao, euo vo la na cuzinha da u'a mao pras muie.

Ze Gaiada responde:

Uai, oce inda num foi por c'as di que?

A mulher sai pisando duro...

Artino Anterms grita la pra cozinha:

-Muie, ja ta q'uais na hora da mis du galo, poe logo esta mes uai?

_Us homi so sabi manda ne genti?

Binindito Goronante pergunta:

_Cumpadi ,cume qui foi mesmu aquela historia la nu cruzeiro, u caus daquela tar sombraçao?

_Dispois euo conto, a ceia ja ta pronta, Vamu cume jenti//

Artino Anterms e um bom anfitrião e sem cerimonia pega na travessa um vasto pedaço de pernil e da uma boa dentada.

_Eita qui es troço ta quemano so/

Sa Leocádia recrimina o marido:

_Eita qui homi sem inducaçao,pares qui vei du Ciara.

Maria Cumbaca, uma Cearence nao gostou:

_Uai, oceis ta pensano qui nois tudo e inguinoranti i mortu di fomi ?

Carma genti,num vamo briga. Hoje e natar diz Binindito Goronante que ja encheu o seu prato de farofa e traça também um pedaço de pernil.

_Cumpadi Artinu, cume qui foi u cau's da sombraçao?

_Uai antao oce num sabi qui la naque'l tar cruzeru tinha uma sombraçao i ninguém ia pra quelas banda dispois das seis hora da tard?

Eis mi chamava di pinguçu, priguiçoso i um dia ca minha meia garraf nu borçu ieu subi u morro i cabei ca historia da tar da sumbraçao.

A sumbraçao morreu na ponta du meu facao uai.

Cabo a historia por mo di que ieu matei aque'l fi dum cabrunco.

Mane varredo que sabia da historia deu uma gargalhada e falou:

_U qui oceis num sabi e qui a tar sonbraçao era so um tamanduar qui ficava la nu cruzeiru c'os braço abertu nas noiti di luar.

Todo mundo ria do Artino Anterms e ele queimo no golpe, ficou brabo e entao foi tudo pelos ares.

A confusao tava formada...

Acabou se a ceia na casa do Artino Anterms.

ANESIO SILVA
Enviado por ANESIO SILVA em 23/12/2014
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