O ELEVADOR
 
 
Segunda-feira, reinício de trabalho. D. Leocádia chegou pontualmente ao edíficio da empresa onde trabalhava como secretária e dirigiu-se ao elevador, entrando juntamente com outros utilizadores. O seu piso era o décimo segundo. O espaço estava todo ocupado, hora de ponta, logo elevador cheio. Acomodou-se e logo sentiu um calor nas costas, espalhando-se por todo o corpo, incomodativo. Olhou para trás e viu um adolescente imberbe, da sua altura, que apesar de estar colado a si se apresentava despreocupado. Revoltada, esperou que ele saísse - ela trabalhava no penúltimo andar, o último era reservado ao refeitório e sala de reuniões. O moço saiu no nono andar e ela seguiu-o. Poucos passos deram, puxou-lhe pelo braço e invetivou-o:
- Oiça lá, não se enxerga? Que ideia foi essa de estar coladinho a mim no elevador e aproveitar-se?
- Eu, minha senhora? Por amor de Deus, não fiz nada de mal, juro-lhe!
- Ah sim? Eu bem o senti, atrás de mim - e apontou para as calças do moço, onde se evidenciava um volume razoável.
- Minha senhora, está completamente equivocada! O que sentiu foi este rolo de moedas - tirou-o do bolso e mostrou-lho. - Eu sou estagiário, ganho pouco, pagam-me à semana e este é o salário que recebi há minutos na secretaria, no rés-do-chão.
Ela ficou estática por momentos, a vê-lo afastar-se. Regressou ao elevador, pensativa e algo constrangida, depois subiu até ao seu piso.
No final do dia tomou de novo o elevador, para ir para casa. Entraram pessoas nos vários pisos, inclusive o moço, mas ela nem deu por isso. Às tantas, sentiu de novo um calor localizado, mas desta vez mais intenso. Revoltada, virou-se para trás e deu de novo com o moço, muito corado. Então, sorriu ironicamente.
- Hummm … Com que então foi aumentado, hem?



 
Ferreira Estêvão
Enviado por Ferreira Estêvão em 14/12/2014
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