A esperteza do espermatozóide
E o espermatozóide ia ficando velho, mas ainda cria no evangelho: um dia, com alegria, um óvulo ainda fecundaria.
Entretanto, a vida não tava mole. Os mais jovens, fortes, deixavam-no para trás, e zás, hasta la vista, não deixavam nem pista.
Aí, solitário, nosso amigo pôs-se a filosofar e uma fórmula salvadora veio a encontrar. Bastou-lhe um pouco de lábia, da mais sábia, com um jovem e atlético colega:
- Meu dileto amigo, como colega mais antigo, confidencio-lhe que só eu sei como trilhar os caminhos que levam ao paraíso. Você tem a força, e eu, o juízo. E para seu conhecimento, só dois espermatozóides podem fecundar o óvulo de cada vez...Assim, se me permite o mote, na horagá, vou trepar no seu cangote, e você vai me levar, e comigo, lá entrar.
O jovem espermatozóide não teve hesitação, aceitou feliz, o conselho do irmão.
Quando se anunciou a hora, com aquele aumento de pressão sanguínea, o disparar do coração, aquele alvoroço, uniram-se velho e moço e partiram em abalada carreira.
Mas qual não foi a surpresa do velho experiente ao tentar refrear no desespero, o tresloucado colega, ao ver, de súbito, ficar cristalina a situação, com o jorro em plena impulsão:
- Pára, pára, irmão, é apenas masturbação...!