A esperteza do espermatozóide

E o espermatozóide ia ficando velho, mas ainda cria no evangelho: um dia, com alegria, um óvulo ainda fecundaria.

Entretanto, a vida não tava mole. Os mais jovens, fortes, deixavam-no para trás, e zás, hasta la vista, não deixavam nem pista.

Aí, solitário, nosso amigo pôs-se a filosofar e uma fórmula salvadora veio a encontrar. Bastou-lhe um pouco de lábia, da mais sábia, com um jovem e atlético colega:

- Meu dileto amigo, como colega mais antigo, confidencio-lhe que só eu sei como trilhar os caminhos que levam ao paraíso. Você tem a força, e eu, o juízo. E para seu conhecimento, só dois espermatozóides podem fecundar o óvulo de cada vez...Assim, se me permite o mote, na horagá, vou trepar no seu cangote, e você vai me levar, e comigo, lá entrar.

O jovem espermatozóide não teve hesitação, aceitou feliz, o conselho do irmão.

Quando se anunciou a hora, com aquele aumento de pressão sanguínea, o disparar do coração, aquele alvoroço, uniram-se velho e moço e partiram em abalada carreira.

Mas qual não foi a surpresa do velho experiente ao tentar refrear no desespero, o tresloucado colega, ao ver, de súbito, ficar cristalina a situação, com o jorro em plena impulsão:

- Pára, pára, irmão, é apenas masturbação...!

Paulo Miranda
Enviado por Paulo Miranda em 17/11/2014
Reeditado em 13/11/2023
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