CUIDADO – COBRA VENENOSA

No inicio dos anos 1970, eu, meu irmão e um primo adquirimos um sítio numa cidade a 70 quilômetros de São Paulo. Que alegria!!! Quantos planos. O sítio possuía um lago, creio que de uns mil metros quadrados, um pomar com tangerinas e limas da Pérsia, tinha muitas outras coisas legais, como cavalo, vacas, galinhas, patos, etc. Enquanto tínhamos um caseiro, não víamos frutos, ovos. Pescar era proibido. Isso deixou o lago tão cheio de tilápias que se pegava peixe de balde (não estou mentindo). Mas o que isso tem a ver com cobras? Tem e muito. Aguardem.

Tivemos uma briga com o caseiro e ele foi embora. O sítio ficou abandonado.

Apareceram algumas frutas, mas os peixes diminuíram. Um dia fomos fazer uma visita e descobrimos que a casa tinha sido invadida, mas não levaram nada. Deu para se notar que usaram o fogão.

Fomos apanhar algumas limas. Meu pai abaixou um galho e ouvimos um grito:

- Tio, cuidado com a cobra. Foi minha prima que deu o alarme. Fizemos uma busca minuciosa na planta, mas não achamos nada.

- Neide, como era essa cobra?

- Era marrom esverdeada com o papo amarelo e grosso.

Estávamos perto do lago, logo poderia ser uma jararaca, mas também poderia ser qualquer cobra. Ninguém mais quis apanhar limas. Daí surgiu uma ideia: Avisar os invasores de que havia cobra na propriedade, pois se a cobra fosse venenosa era necessário soro antiofídico específico ou genérico até que através de análise laboratorial fosse identificado o gênero da cobra. E se os postos de saúde locais não os tivessem? Certamente aconteceria uma fatalidade. Mandamos fazer uma placa com o desenho de uma cobra coral (esta todo mundo teme) e também escrevemos: CUIDADO COBRA VENENOSA.

Um dia numa festa de família um parente chega até nós e diz:

- Descobri um sítio abandonado lá onde eu todo mês vou levar mantimentos para uma creche e tem um lago bom para pescar tilápias. A gente pe4sca e frita os peixes lá mesmo no rancho.

- Sabe de quem é esse sítio?

- Não.

- Esse sítio é nosso e vocês correram um grande risco, porque há uma cobra terrível por lá que nunca vimos, mas o caseiro que nós tínhamos disse que a viu varias vezes, mas ela sempre desaparecia como desapareciam os pintinhos, patinhos etc. Foi o que aconteceu conosco. A Neide viu e ninguém mais, quase que ela pica o rosto do meu pai. Se quiser ir lá pescar, pode ir, você é da família. Agora se for picado pela cobra o problema é seu.

- Eu hein, não vou mais. Tô fora.

- Leitor, você ainda não adivinhou o que aconteceu? Pois eu lhe digo. As limeiras e as mexeriqueiras arriaram de tantos frutos e o lago ficou repleto de tilápias. Pegávamos sim, tilápias com balde próximo da margem. Ali elas se concentravam por causa do maná: o capim. E por falar em capim que era o que não faltava, tinha demais e estava alto. Nosso vizinho tinha uns carneiros e oferecemos o pasto a ele. Que maravilha, os carneiros roçaram o sítio, só ficaram as vassourinhas. Esse sítio proporcionou-nos duas grandes alegrias: a primeira quando o compramos e a segunda quando o vendemos. Quanta encrenca nós tivemos, PQP. Qualquer dia volta para contar outros “causos” desse sítio que por sinal era maravilhoso de localização privilegiada. Cem mil metros quadrados com nascentes, lago, local para banhos, etc.

Agora vou contar outro “causo” bem mais recente, faz apenas uns cinco anos. Uma de minhas irmãs tem uma chácara com um lago onde existiam algumas boas traíras. O lago era grande, mas foi diminuindo, se tornando num brejo e só o centro do lago tinha água. À noite a propriedade era invadida por alguns “pescadores”. Um morador da vizinhança avisou, pois chegava de madrugada e sempre via pessoas por lá. Novamente o anúncio. Uma cobra coral e o aviso: CUIDADO COBRA VENENOSA. Quando fui a um marceneiro procurar uma ripa para pregar a placa, ele riu a valer e disse:

- Já vi placa de cachorro bravo, mas de cobra. Prá mim essa é nova.

- Esta funciona mais que cachorro bravo.

E funcionou mesmo, pois o pessoal andava do outro lado da rua, teve gente que até viu uma jaracuçu na linguagem de quem a viu, mas se tratava de uma jararacuçu e certamente era do brejo. Aqui a placa também funcionou. Pois não foram mais vistos “pescadores” de madrugada. PQP que terror uma cobra espalha!!!

SANTO BRONZATO em 01/11/2014.

SANTO BRONZATO
Enviado por SANTO BRONZATO em 02/11/2014
Código do texto: T5020475
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2014. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.