DENTRE "APAGUINHOS" E "APAGÕES"...

...trovas.

I

Nesses dias de debates

Prévios às nossas eleições...

Tudo vira forte embate

Apaguinhos e apagões!

II

Já apagou a hidrelétrica,

E o erário do povão!

Até a voz nem sempre eclética...

Que suscita a opinião.

III

Apagou o verde da mata

Nas queimadas traiçoeiras

E a voz da passarada...

Sequer é alvissareira.

IV

Apagou a força do vento!

Da esperança aeólica,

Sequer se salvou o alento

De acender uma luz heróica.

V

Nós estamos apagados!

Do Oiapoque ao Chuí,

Muitos rios assoreados!

Nem água temos aqui.

VI

Apagou-se a luz do dia

Apagão dantes não visto!

Nosso céu é só neblina!

Luz aqui?- só de imprevisto..

VII

Apagou-se a Eletropaulo

Toda a nobre excelência...

A saúde e a educação

Até a voz da Presidência!

VIII

Que no debate previsto

Apagou sua fluência,

Deu até um apagão!

Nos ensaios da Ciência.

IX

Apagão na nossa ordem...

Apagão no ex-progresso

De apaguinhos à desordem,

Vamos juntos em retrocesso.

X

Apagou-se a ilusão

De acender nosso destino

Pois tanta corrupção

Nos apaga em desalinho.

XI

Se apagou até o teatro

Também a televisão

Só a luz que se acende

É da arma em explosão.

XII

Apagou-se a História

Apagou-se até a novela

Já parece luta inglória...

Ter sonho de Cinderela.

XIII

Toda tecnologia

Se apagou, foi-se daqui,

Só há "cargo" que propicia

O apagão ficar aqui!

XIV

Dentre o esboço do apaguinho

À eclosão do apagão,

O mais triste no caminho

E a falta de visão...

XV

Apagou-se a honestidade,

Apagou-se a retidão!

Até a fraternidade

Tudo segue em contra-mão!

XVI

Só discurso marqueteiro...

Nem cem anos de perdão!

Pro apagão em tal terreno,

Só ladrão a roubar ladrão.

XVII

Dentre a triste estatística

Do apagão em andamento...

Sociedade suícida...

Mais um corpo em "tombamento".

XVIII

Deus ajude que um dia

Tudo volte a se acender

Já confesso a alegria:

Se eu não apagar...pra ver.