O filho da excelência

Hoje a nossa polícia

Está muito fiscalizada

Por isso é que cabra ruim

Deixou de levar mãozada

É, porque antigamente

Cabra metido a valente

Quando um soldado pegava

Ficasse com foi num foi

Era cada tapa ôi

Que o mocotó entrançava.

Hoje a polícia não pode

Mais dar cacete em ninguém

Cinegrafista amador

Em toda janela tem.

Mas antes tinha uns soldado

Daquele mal encarado

Na rota da bacurau

Que andava cum farnezim

Procurando cabra ruim

Pra dar um samba de pau.

Até que um certo dia

Às duas da madrugada

O quartel passou um rádio

A bacurau foi chamada Pra ir prender um rapaz

Que andava tirando a paz

E o sono do pessoal

Com o som do carro ligado

Passando em sinal fechado

E dando cavalo-de-pau.

A bacurau fez fiapo

Para o local indicado

Não demorou encontrar

O rapaz embriagado

Tinha descido do carro

Tava comprando cigarro

Mas quando espiou de lado

Viu o camburão parando

E o soldado pulando

Já com o braço levantado.

Foi pulando e foi dizendo

- Teja preso, seu safado

Mas antes eu vou lhe dar

Um murro tão condenado

Que tu vai rolar no chão.

Aí o boy disse: _Meu irmão

Tenha calma, tu tá quente

Bater em mim ninguém vai

Senão eu conto a meu pai

O juiz Manoel Vicente.

O soldado deu um freio

Que o coturno cantou

Uma travada no braço

Que o cotovelo estalou.

Aí o cabo disse: -Junim,

Rapaz, tu aqui sozim

Essa hora biritando

Vamo pra casa, danado

Teu pai tá preocupado

E a gente lhe procurando!

Aí levaram Junim pra casa

Bateram numa janela

Manoel Vicente saiu

Com os ói chei de remela.

Aí o cabo disse: -Doutor

Esse filho do senhor

Estava um pouco alterado

Não podíamos prendê-lo

Achamos melhor trazê-lo

Em casa ele está guardado.

E nisso Manoel Vicente

Nem sabia o que fazer

Olhando para a polícia

Começou a agradecer:

Ô, que polícia educada

- Muito bem rapaziada

Gostei da iniciativa

Quando de mim precisar

Basta só me procurar

Lá na Liga Desportiva.

O soldado franziu a testa

E virou como um girassol

Você está me dizendo

Que é juiz de futebol?!

Pobre de Manoel Vicente

Respondeu todo contente:

- Sim, o melhor do estado!

Aí não disse mais nada

Levou uma burduada

Que caiu de cu trancado.

Deram um cacete em Junim

Que o mijo espirrou no chão

Jogaram os dois pelo fundo

Das calças no camburão

Pobre de Manoel Vicente

Preso inocentemente

Sem ter feito nada errado

Junim sem uma pestana

E os dois passaram a semana

Vendo o sol nascer quadrado.

Amazan
Enviado por Adriano Paulo em 07/10/2014
Código do texto: T4990583
Classificação de conteúdo: seguro