SANTADA XI - PRAGA DO MACACO

Certa vez, numa pescaria no Paranazão (assim é conhecido o Rio Paraná pelos amantes da pesca), já no final da tarde onde se tem um dos mais belos pores do sol, poitamos o barco à margem de uma ilha cuja entrada de humanos é proibida e lá estavam na nossa frente uma árvore apinhada de macacos que, infelizmente, ficaram estressados com a nossa presença e imediatamente saltaram para outra árvore, nem todos, um deles hesitava em saltar, por quê? Seria inexperiência? Medo? Nunca vou saber. Fiquei com câmera fotográfica apontada para o bicho que cheguei a cochilar, mas quando abria os olhos, o bicho estava lá. O sol ficava à minhas costas, já não me interessava a mais o seu por, eu queria mesmo ver o pulo do macaco que já se encontrava na ponta do galho que balança e passou a se equilibrar. A macacada em outra árvore gritava, parece que diziam naqueles urros: salta logo, porra, eles vão atirar em você (por causa da máquina). Entre nós, já estávamos com o dilema: Ver o salto do macaco ou o por do sol. Finalmente, o macaco tomou uma decisão, voltou um pouco atrás deu um ou dois passos no galho e pulou. Uma lufada tirou o galho do seu foco e o bicho não alcançou o galho. O que aconteceu com ele nunca vou saber. O chão era coberto por um capim alto e ele lá sumiu. Rimos demais, compensou o dia todo sem fisgar um único peixe. Não faltaram aqueles provérbios: Macaco velho não põe a mão em cumbuca (não era o caso); macaco velho não pula em galho seco (quase, ele nem chegou a tocar no galho). Que provérbio seria adequado para esse caso? Não sei e não vou procurar. Se algum leitor encontrar eu acato e mudo o título. Eu ia falar de um abraço no metrô. Mas o tem a ver esse abraço com o macaco trapalhão?

Tem sim. Eu tomei o metrô quase vazio, não havia ninguém em pé. O corredor estava vazio, muito próximo da estação Ana Rosa, eu olhei para o balaústre e dei comando de me levantar. Nesse momento o condutor reduz a velocidade e como o macaco eu não segurei em nada e saí numa disparada em direção ao fundo catando cavaco e eis que de repente um braço forte e macio me abraça e eu sento em seu colo e fico com a cabeça junto aos seus seios aconchegantes. Que sorte! Era uma mulher de físico avantajado. Senti-me como uma criança no colo da mãe no fim de festa. Agradeci, pedi desculpas. Perguntei seu a tinha machucado, etc. Eu devia estar mais vermelho que a cabeça de um peru. Ela sorriu e me disse:

Nada, senhor!

Vi que alguns passageiros colocaram a mão na boca para não “mostrar os dentes”. Deve ter sido muito cômico. Sorte minha que o macaco não estava no metrô, senão ele também estava rindo. Cheguei à conclusão que aquele macaco não era inexperiente, era macaco idoso, assim como eu. Vale muito a experiência quando não a temos que aplicá-la. Nem o balaústre, nem o galho daquela árvore eram secos. Uma freada e uma lufada, fizeram duas cenas bem cômicas. Acho que foi praga do macaco.

SANTO BRONZATO em 02/10/2014.

SANTO BRONZATO
Enviado por SANTO BRONZATO em 02/10/2014
Reeditado em 25/11/2017
Código do texto: T4984759
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