A CORTE DO REI FANTOCHE
“Qualquer semelhança à realidade
É pura coincidência”
O Rei Fantoche é bem real
E bafejado pela sorte
Tem o vício do capital
E uma numerosa Corte.
Vive por aí em rotina
Não tem sentido na vida
Faz sorriso de sovina
E pavoneia-se na avenida.
Não precisa de estudar
E exibe imagem de charme,
No que toca a trabalhar
Só s´ houver um falso alarme.
Tem máscara de mau freguês
Mas é bom consumidor
Veste bem, à corte inglês,
Quer no frio quer no calor.
À sombra da sua fama
Fogueteia-se de influência
Cavalga em topo de gama
E despreza a providência.
Tem banco dentro de casa
Basta olhar na Internet
Usa grumet golpe d´ asa
E tem dama marionete.
Não exige servidores
Para ele não há segredos
Pra lucrar certos favores
Basta estalar os seus dedos.
Mira por cima do ombro
E enche o seu peito de ar
Vai trepando com assombro
Onde pretende chegar.
Seus amigos são amigos,
Quem sabe seus fiéis bobos,
Garante-lhes bons abrigos
E livra-os dos ruins lobos.
Larga um sorriso de pasmo
Se tiver contrariedade
E veste-se de sarcasmo
Quando enfrenta autoridade.
Se não alcança direito
As suas proposições
Uns trocos dão sempre jeito
Em todas as ocasiões.
Nunca precisa de horário,
É gestor e economista,
É financeiro e bancário
E expert na entrevista.
Às vezes consegue emprego
Pr´ à pessoa que convém
E se houver desassossego
Vai à luta com desdém.
Trata os bolseiros por tu
E os Vipes por camaradas
À cultura vira-lhe o …
Com direito a gargalhadas.
Quando se vê apertado
Bate à porta do Estrangeiro
Tem lugar assegurado
E vénias de cavalheiro.
Dá uma d´ astro a luzir
Com ar de pessoa-de-bem
E olha o futuro a sorrir
Com espreitadela a Belém.
Rei Fantoche é mesmo assim,
De qualquer ponto de vista,
Quando sobe ao galarim
Faz por ser malabarista…
Rei Fantoche, rei fantoche,
Que belo palco te calhou
Pera doce, rico brioche,
Diz-me lá, quem t´ encantou?
Frassino Machado
In RODA-VIVA POESIA