FAGMENTOS DO TEMPO - LUDOVIKO VIII

A CUECA VOADORA

Ludoviko até nas alturas não se cansa de aprontar. Imaginem que de uma hora para outra ele resolveu passar mais tempo no escritório, do que em sua residência, o que lhe rendeu vários apuros.

Custou a se acostumar com a lei da gravidade, que ao ser auxiliado pelo vento, sempre que tem oportunidade, manda tudo pelos ares, dessa forma, muitos foram os objetos que se precipitaram janela abaixo.

A situação mais cômica, pra não dizer vexatória, pela qual Ludoviko passou por conta dessa mudança, foi a da cueca voadora, visto que resolvera passar uma noite em seu escritório, segundo ele pondo as tarefas em dia, e como todas as suas roupas estavam em casa, achou por bem lavar sua peça íntima e pô-la para secar, para então poder usá-la no dia seguinte.

Acontece, porém que nosso amigo não tomou as devidas precauções antes de deixar tal peça exposta para secar na janela do 12º andar de um edifício bastante arejado, consequentemente não deu outra, em pouco tempo, o vento impiedoso alheio aos planos traçados, rompe todos os empecilhos fazendo com que a cueca alce um vôo sem direção ou rumo certo, enveredando livremente noite adentro para nunca mais voltar.

Ludoviko ao ser pego de surpresa, achando-se impotente para resolver a situação, fica como que fascinado acompanhando a trajetória de sua estimada cueca, que aos poucos foi diminuindo até perder-se na imensidão do céu. Amanhã seria outro dia, e lembrando-se do compromisso marcado, resolveu que bem cedo sairia em busca de outra para substituí-la.

MIRA MAIA