"A CACA DA MADAME CAP: 04" 
                                                
     Ela não repetiu a pergunta e daí a pouco virou o rosto para a janela e em poucos minutos dormia com um bocão já quase sem dentes aberta e com o barulho do motor, não dava para ouvir se roncava a gentil senhora obesa futura sogra do louro, que se tivesse um pouquinho de bom senso teria imaginado que à tanajurinha um dia iria ficar igual a sua hipopótica mãe. Mas, cabritinho e tesão são tão desajuizados, cegos, babácas e sempre pensam que o mundo gira ao redor do seu umbigo, tanto que se alguém me jurasse que algum dia a gostosa bundinha de tanajura iria se transformar naquele bundão ao cubo eu não daria qualquer atenção e ainda ficaria muito bravo por alguém ter a petulância de fazer tal comparação.

     O esfrega de joelhos e até uma fingida dormida, da cabecinha encostada ao meu quadril continuou... Nesta hora o lourinho se segurava para diminuir os solavancos do meu corpo e não acordar o meu amor. Depois de mais duas paradas, “uma para almoço”, onde a mãe no típico costume mineiro de ser farofeiro; Desembrulhou um galo de bom tamanho frito e enfarofado, eu comi uma coxa do finado oferecido pela tanajura com aprovação da minha, já quase sogra que era toda sorriso e por duas vezes me chamara de: "meu filho" criando uma certa cumplicidade entre nós.

     Terminado o gostoso almoço, onde comi mais uma asa e um bom punhado de farinha engordurada, descemos do ônibus e depois das necessidades e “mamãezinha” ter retornado para o seu lugar, eu e Selma fomos sentar em um banco sob uma árvore e assim os nossos caminhos começaram a se entrelaçarem de vez e as juras eternas surgiam dos meus lábios acompanhadas de promessas de fidelidade enquanto eu tivesse um sopro de vida. Juras trocadas e não sei bem por que, mas, tive a nítida impressão de que tanajura já tinha alguma prática em tais juramentos.

     O beijo que ela me deu enfiando a língua dentro da minha boca fez-me esquecer de tão vil suspeita, ela estava era gostando mesmo de mim, apaixonada e feliz como afirmava cada vez que dizia: (eu amo ocê, nem sei cumé quisso aconteceu assim tão rápido, mais to pirdida por ocê e num vô mais isquecer docê, ispero cocê seja um moço sério e cumpridô das suas promessas).

     Eu, futuro marido trovador, jurava é de pé junto, que era homem de palavra e que ela podia ficar sossegada, minha profissão rendia o bastante para me casar. A dificuldade de disfarçar as protuberâncias dentro das calças me deixava sem graça e tanajura sem cerimônias falou que eram reações naturais e abriu caminho para a cantada do impossível e para ela perfeitamente realizável, com ela afirmando que sempre pensara que quando encontrasse o verdadeiro amor ela não teria qualquer dúvida em partir para os finalmente e estava certa de que o momento tinha chegado, eu era o homem que ela queria e não ia deixar-me sair mais da sua vida.

     Nestas alturas ela falava me beijando e eu molhado até os ossos de tanto suar, estava no céu, quando ouvimos a buzina do ônibus daquelas cornetas a ar comprimido e após o susto, saímos os dois sem graça para embarcar sob as risadas dos passageiros que fizeram até piadas com a dona Eleontina sobre o futuro casamento da sua filha. Ela riu dando-me a certeza de que alguma coisa estava meio enrolada e eu era o fio no novelo, que estava com a pontas da linha embaraçada e doido para enrolar-me mais, sem querer saber se o mundo ainda existia ou: se eu estava num sonho e mataria quem me acordasse.

                          Cont:
Trovador das Alterosas
Enviado por Trovador das Alterosas em 12/08/2014
Reeditado em 17/08/2014
Código do texto: T4919798
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