Relógio Comicionado
Tiiic Taaaac. Esse relógio
Deve ta de marcação.
Ta na hora de eu ir embora
e ele ta de gozação.
Até parece que não anda
Ou anda na contramão
não atende o que eu mando,
se eu olho a hora na mão.
se ele anda dois pra frente
deve andar um pra trás.
Porque não ajuda a gente
E pra casa a gente não vai.
Sei que você ta pensando
Que é muita preguiça minha.
Pra eu arranjar um serviço
Que a hora logo caminha.
Mas não sou uma contratada
E não trabalho sozinha.
Se a vizinha não faz nada
Sou a chefe da vizinha.
E o tempo que não andava
Continua não andando.
E assim eu tenho tempo
De ver quem ta trabalhando
Dou conta da vida alheia
Melhor até que da minha
Sei a hora eles chegam
E se saem de mansinho
Eu só arrumo contendas
Pois não tenho o que fazer
Se te deduro, me entenda
Não quero mal a você
É que o meu prefeito manda
Eu vigiar pra ele saber
Em quem pode confiar
E não há de ser em você!!!
E o chato é comparecer
E até trabalhar, se pasme!
Pois do contrário vão dizer
Que sou funcionário fantasma.
Nem preciso fazer nada
A galera aqui da conta
não sei fazer nem a pauta
Eu só assino quando pronta.
Sou chefe de tomo mundo
Mas isso só no papel.
Meu prefeito me deu o cargo
Pois sou um cabo eleitoral fiel.
E na próxima eleição
Hei de encarar novo pleito
para eu ganhar outro emprego
No caso dele ser eleito.
O pior ele nem sabe
Corre um risco danado
Eu falo pra todo mundo
E isso pode ir pelo ralo.
Só to aqui passando umas horas
com a minha indumentária.
Chego a hora que quiser
Mas tenho que sair no horário.
O poema acima não foi feito
para todos os prefeitos
Só para os de mente estreita
que tratam o povo sem respeito