Alegria de pobre

O cara que descobriu que alegria de pobre dura pouco tinha que ter todos os seus dedos martelados em praça pública.

É uma Droga! Pobre não passa mais do que 5 minutos alegre. Parece algo sobrenatural.

Basta aparecer um sorriso na boca de um pobre, que inexplicavelmente o universo se move imediatamente e violentamente conspirando contra aquele sorriso. É uma coisa magnética.

Basta observar uma criança pobre ganhando presente. Criança pobre tinha que ser educada desde bebê para jamais, JAMAIS! Abrir um presente em público. Uma prova disso é que os salões de festas infantis colocam uma mulher com um sorriso de coringa bem na porta do salão, só pra receber os presentes da pobre da criança aniversariante. Daí ela recebe o presente, abre ainda mais aquele sorriso falso, anota o nome de quem deu o presente e manda o convidado entrar. Por que isso? Por que filho de pobre quando recebe presente passa por dois grandes riscos, o primeiro é morrer de alegria ao ver o embrulho, o segundo é voar no pescoço da pessoa que deu o presente logo após abrir o embrulho. É fatal! Na cabeça da criança ela imagina que ganhou um ultra-mega-plus jogo para vídeo game de última geração (no caso dos meninos), mas quando abre e vê uma camisa da C &A, toda aquela alegria inicial se transforma numa cólera que só é controlada pelo desespero da mamãe, que gesticula feito uma orangotango, fazendo mil sinais para a criança agradecer pelo presente. Após o término da festa, a mulher do coringa pega todos aqueles brinquedos e entrega a mãe da criança e manda ela se virar.

Graças a Deus a modernidade dos dias de hoje livrou essa nova geração de filhos de pobres de um mal que assolou a minha geração. Os malditos brinquedos à pilha! Maldito seja àqueles que vendiam brinquedos à pilha nas décadas de 70 e 80. Hoje, em qualquer esquina compra-se 4 pilhas por 1 real, dane-se se elas não duram quase nada! Basta trocar e gastar mais 1 real. Mas nas décadas de 70 e 80 ter pilhas para os brinquedos era pura ostentação. As pilhas custavam quase o preço dos brinquedos era mais fácil comprar um fusca do que comprar pilhas para os brinquedos.

Era indescritível a sensação de ganhar um carrinho ou qualquer brinquedo movido à pilha. Um verdadeiro turbilhão de emoções. Primeiro a euforia incontrolável. “Ganhei, ganhei, é lindo, oba!”. Depois a alegria contagiante, o brinquedo ia pro chão na mesma hora para ser testado e apresentado à todos, mas logo em seguida passava a euforia e a alegria, sobrava só a desilusão. O universo movia seus pauzinhos e de forma cruel e inexplicável fazia a criança se lembrar de que quando aquelas pilhas acabassem, nunca mais ela veria aquele brinquedo funcionar novamente. Claro que tinha sempre um familiar piedoso que dava a ideia de colocar as pilhas no congelador pra recarregar, daí a criança enchia o congelador de pilha velha e passava a noite toda rezando e fazendo mil promessas pra que desse certo. Tadinha.