O HOMEM DA MALA PRETA EM RERI CITY

- O homem da mala preta chegou! Gritou um cabo eleitoral ávido para colocar a mão no objeto mais cobiçado da politicalha de Reri City.

Com a notícia espalhada o povo de Reri City saiu doido atrás da figura lendária. Nas feiras, bares, furnas, cemitérios, ”Puteiro de Rosinha” e até no convento a população correu atrás.

- Rosinha, dona do puteiro pode ser a dona da mala preta. Hoje a politica é dinâmica e os políticos usam todas as artimanhas. Argumentava um explorador de politico.

-O coveiro pode ser também. Quem sabe o dinheiro da mala preta está escondido numa cova do cemitério? Salientava outro já tomando o caminho do campo santo.

-Que nada! O padre da cidade gosta de se envolver na politica da cidade. Eu vou verificar na sua igreja e até no convento...

-Convento? O quê?

-Dizem as más línguas que o pároco da cidade tem um caso com a madre. Não custa nada fazer uma visita no convento.

Além do povo, o delegado de policia da urbe reuniu sua guarnição para dar um basta naquela situação vexatória.

-De hoje em diante todas as pessoas que usarem mala preta e que estão vestidas de cor preta serão encaminhadas para delegacia. Ouve um barulho por causa da absurda ordem, mas no final os subordinados acataram a decisão.

-0 quê? Eu ir para delegacia? Por quê?

-Por que o senhor está com uma mala preta e está vestido de preto?

-Eu estou de luto do meu irmão que morreu a semana passada.

-Ordem é para ser cumprida. Berrava o “samango”, e levando o pobre do enlutado para falar com autoridade.

-Eu estou de preto porque estou cumprindo uma promessa!

-Vestiu preto é ordem para ser recambiado para delegacia. Dizia o praça com uma cara enfezada.

Não obtendo resultado positivo com “Operação Tudo Preto”, o delegado incrementou a “Operação Porta Mala” e exigiu rigorosa atuação da guarnição.

-Sabe de quem é este carro que você está revistando?

-Não sei nem quero saber e tenho raiva de quem sabe. Dizia o soldado com a cara de poucos amigos.

-Vou participar ao meu politico.

-O senhor vai ficar detido por desacato autoridade.

Encabulado com o fracasso da operação anterior, o delegado inovou com a “Operação Mexe no Colchão”.

-doutor, isso é inconstitucional. Falou um soldado raso metido advogado.

-Inconstitucional é a compra de voto. E com a voz alta determina.

-Vá e traga o homem da mala preta. Quem sabe o dinheiro não se encontra nos colchões.

A ordem da “Operação Mexe Colchão” ia tranquilamente, mas ao chegar no “Puteiro de Rosinha” o esquema se desfez por causa dos dengos das quengas.

-Mexe no meu colchão soldado e depois venha mexer no coxão. Zombeteava uma prostituta.

-Soldado desarme minha cama que depois eu armo você de amor. Dizia a outra com a voz mimosa.

-Mexa no meu colchão que eu mexo nos seus culhões. Dizia outra com sorriso debochado.

-Venha aqui cabo e venha me acabar de amor.

Com a operação desmoralizada pelas meninas do puteiro, o delegado recolheu seu pelotão para dar inicio a uma nova tentativa de capturar o homem e sua famosa mala preta.

E agora? Falou o delegado para seus subordinados.

-Tenho uma boa ideia. Disse um soldado raso.

-Qual?

Lembra-se das novas táticas dos membros dos partidos políticos?

Lembro-me!

E colocando em ordem a sua guarnição, o delegado pegou próximo a sua delegacia, o homem da mala preta subornando os eleitores com o dinheiro escondido na meia, bolso e até na cueca.

Reri Barretto
Enviado por Reri Barretto em 05/08/2014
Reeditado em 07/05/2018
Código do texto: T4910949
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