Sem conserto!

Sem conserto!

maria da graça almeida

O bom e simples Vicente,

encontrando um amigo recente,

convidou-o à mesa de um bar

e puseram-se a conversar.

Entre goles mais além

e do povo o vaivém,

dos filhos contavam os feitos,

gabando-os lindos, perfeitos.

De repente na calçada,

franzinas, acanhadas,

surgiram três moças na praça,

andando com pressa, sem graça!

Vicente, assim que as notou,

ao amigo observou:

- Bem feia é a moça do canto,

causa-me, até, certo espanto!

- Sinto muito, amigo Vicente,

por sua pouca mesura,

mas aquela moça do canto

é Ana, a minha caçula!

- O amigo não entendeu,

não é a daquele canto,

falo é da moça ao lado,

a que tem o xale franjado.

- A moça quem se refere

e em quem seu veneno desfere,

tão somente é minha mulher

e não uma outra qualquer!

- Creio que mal me expliquei,

não são as das laterais,

refiro-me à que está no meio.

Desta, sim, o rosto é feio!

- A moça que está no meio,

de quem, sem delicadeza,

você diz do rosto feio,

é minha filha, a Tereza!

E pra terminar a história,

Vicente resolve ir embora,

dizendo com muito respeito,

antes do pé para fora:

- Desculpe-me, caro amigo,

por minha rude maneira,

mas nem lhe posso dizer,

que foi mera brincadeira.

Mais honesto é admitir-me

enredado numa teia,

já que a família inteira,

não tem jeito...é toda feia!

Maria da Graça Almeida

maria da graça almeida
Enviado por maria da graça almeida em 22/02/2005
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