Estardalhaço no canavial
Saudade de bons amigos me levaram a vasculhar velhos escritos, doces lembranças de momentos que se não voltam, ficam eternizados na memória e na saudade. E no meio de tantos papeis encontrei a poesia Abaixo. Na volta de uma viagem o ônibus de uma amiga sofreu um assalto que foi terminar num canavial. E depois de ela narrar o assalto só me restou fazer a poesia em dois tempos. E rimos muito
1° -
Aninha, tome tenência,
Cê recebeu incumbência
De cá na Terra ajeitar
|As coisas com valentia,
Mas essa sua ousadia
De querer escancarar
Esculhambando a espingarda
Que o assaltante portava,
Rebaixando de calibre
Uma doze bem gordinha
Chamando de garruchinha.
..
2° -
Comigo não tem perrepis,
Faço poesia di noiti, faço poesia di dia
E até di madrugada já acordei pra poetá;
Jà fiz funk pra uma fada
E uma bem bunitinha
Pra minha amiga Joana;
Pro Narfe, perdi a conta
Das garatujas que fiz,
Mas faltava a da Aninha;
E ela mesma deu o mote
Pois indo pra Cianorte
Foi vítima de um assalto
E se viu num canavial;
Sendo muito tagarela,
Para o ladrão não deu trela
E desandou a falar;
Nâo sei se por piedade
Ou falta de autoridade,
Mas o ladrão so ouvia - ou fingia -
Ignorava ou se ria
Do atrevimento da moça;
E foi esse seu pecado,
Foi a sua perdição;
O malfadado bandido
Teve um ataque de riso
E foi preso em flagrante,
Sem forças pra reagir
Quando ela perguntou
Se estava carregada
A garrucha que ele portava.