Morte e Vida Aldroína

O meu nome é Aldroíno,

Ideia infeliz da titia.

Não conheço outro Aldroino

E nem na família havia,

Mas, mesmo que outro houvesse,

Sobrenome distinguiria:

Aldroinio Cerqueira César

De Alcântara e Bragança.

(Herança da monarquia).

Mas, para quem não lê Caras

Nem frequenta a galeria

Dos estrelados da night

E dos poderosos do dia,

Permitam que me apresente:

Sou agora o Dr. Aldo

(Aldinho para as gurias...)

Somos poucos Aldroínos,

Iguais em tudo na vida:

Na mesma mansão enorme

Com piscina de borda infinita,

Quinze carros na garagem

E sempre uma top bonita;

Dois casamentos por ano

E longas viagens de ida...

(A volta a gente não fala,

Que voltar pra esta terra

É coisa de gente falida).

E se somos Dr. Aldo

Com tanta sorte na vida,

Vivemos as mesmas coisas,

Uma vida aldroína.

Que é a vida que se vive

De cruzeiros antes dos vinte,

De milhões antes dos trinta,

De prazer todo santo dia.

Somos iguais nessa sina

De receber uma herança,

De tocar um grande império,

Ou de trocar aliança

Com família abastada.

E não ter muita criança,

Que é pra ter pouca babá

E poder criar na França.

E se somos Dr. Aldo

Iguais em tudo na vida,

Morremos só muito tarde,

Com a saúde provida

Por hospitais de renome

E só com doença aguerrida:

Um câncer, uma isquemia

Ou problemas no coração.

Alguns até de acidente,

Jet ski ou avião,

Ou bêbado (malte escocês)

Destruindo seu carrão

Numa esquina dos Jardins

Voando na contramão.

Mesmo com toda essa sorte,

Sombria vaga a depressão.

Tem uns que pensam na morte

Como a grande solução

Para uma vida sem norte,

Sem caminho ou direção,

Com tudo caindo no colo,

Sem limite e sem noção...

Porém sigo a sabedoria

Dos idosos como o papai

Que, já com mais de noventa,

Na sua sexta união estável,

Ensina, dizendo amiúde:

“É melhor ser rico e saudável

Do que pobre sem saúde...”

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Este texto faz parte do Exercício Criativo "Morte e Vida"

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