CORTE DE CABELO
“Aos ingénuos da globalização”
A cada cabeça humana
Cabe um lugar por modelo
Ter a mania soberana
Num só corte de cabelo.
Há manias sempre à solta
De pobreza franciscana
Pensar que um “corte” dá volta
A cada cabeça humana.
No tempo da velha senhora
Não se ligava ao cabelo
Porém hoje a toda a hora
Cabe um lugar por modelo.
Fazer corte sublimado
Dá uma aparência bacana
Mas é desavergonhado
Ter a mania soberana.
Numa pessoa qualquer
Ninguém liga a este apelo
Mas há um VIP com poder
Num só corte de cabelo.
Depois de tanto fruir
Seus tiques com aparato
Esta, agora, dá pra rir
E é loucura ao desbarato.
Não interessa compreender
O ritual deste festim,
Mas urge saber viver
Sem dar sentido ao chinfrim.
Quanto a “cortes” não é monta,
Toda auto-estrada tem berma,
Se um homem não faz de conta
Até lhe chamam “palerma”!
Frassino Machado
In AO CORRER DA PENA