Galega, filha de Dona Nilza
*Fato ocorrido ontem, por volta das 17 horas, em Queimadas. Ba. no interior do Supermercado
Pois bem. Há dias em que se acorda com o pé esquerdo. Neste, eu levantei com os dois esquerdos, tropecei no pé da cama, arranquei um pedaço de pele de meu dedo mindinho (aquele que só serve para bater nas coisas) e derrubei meu celular (de touch screen, cuja segunda parcela nem paguei ainda) no chão e de quebra, acordei o maridão que havia deitado às 5:30 da manhã, bufando de raiva, como um touro.
O dia foi rotineiro, nada de novo. Até que resolvi ir às compras com minha sobrinha, uma pirralhinha de dez anos que quer ser gente grande: usa meus sapatos, minhas roupas, perfumes e, de quebra, minha maquiagem (e, só de sacanagem, a menina se maquia melhor que eu). Rodando pelos corredores (com um carrinho quebrado que toda hora empacava), parei no balcão dos frios. Uma senhorinha de cabelos muito armados (sem preconceito algum, por favor!) me encarou. E eu odeio quem faz isso. Me olhou, olhou. Fiz os pedidos, o rapaz me entregou, voltei ao carrinho e a mulher lá, de pé, ao lado dos freezers, me secando. Diabos, pensei.
Saí com a sobrinha dali e fomos escolher shampoos. A mulher, de onde estava, continuou a me encarar. Já estava ficando impaciente quando uma moça aproximou-se dela e chamou "Vamos, mãe!". Pensei, rá! A velha vai-se embora!
Que nada. A mulher cochichou com a moça, a moça me olhou, cochichou com a mãe, que me olhou de volta. Era complô?
A velha me chamou. Xi!!
-Você é a Galega, filha de Dona Nilza?
Eu não entendi, a príncipio, até porque estava longe. Ela repetiu mais umas três vezes, a mesma pergunta.
-Não, não sou.
A mulher e a moça me encararam mais alguns segundos.
-Tem certeza que não é a Galega filha de Dona Nilza?
Porra! Eu estava para dar uma resposta! Se eu fosse, eu não saberia??? Respirei fundo.
-Sou não, senhora. A senhora está me confundindo.
Saí, fui ao caixa, passei as mercadorias, paguei e fui para casa. Minha sobrinha ficou rindo o caminho todo, me chamando de Galega. Até notar que a tal senhora e a moça estavam atrás de nós. Confesso que tive medo. Vai que queriam me sequestrar!! (kkkkkk ô exagero!) Apressei o passo, passei em alguns lugares, e nada, continuavam nos seguindo. Até que cheguei em casa. Parei no portão, abrindo o cadeado, e elas de longe, há uns 50, 60 metros de distância. Eu só ouvi a moça dizer:
-Mainha teimosa! Eu não disse que não era a Galega?