O "XERIFE" DA ENFERMARIA
Conheci João Bruno um cidadão de cor, de idade já um pouco avançada, no hospital de minha cidade. Ele viera da roça fazer um tratamento qualquer de saúde e como não tinha parentes e nem para onde ir, foi ficando por lá. Fazia em troca da estadia serviços de limpeza, capinas.
Com o tempo foi ficando "de casa", era muito rabugento e ditava as regras para os enfermos. A enfermaria era sua casa. Tinha seu armário, onde guardava seus pertences e ninguém podia por a mão.
Certa vez apareceu no hospital duas mocinhas aprendizes de enfermagem. Novinhas, fogosas e brincalhonas viviam sendo repreendidas pelo João Bruno. A enfermeira chefe Zezé, solteirona sisuda vivia pegando no pé das duas.
Certo dia uma das enfermeiras passando pela outra em um dos corredores, deu um tapa em sua bunda e saiu correndo.
A outra gritou:
-Pera aí, sua putinha!
E saíram correndo na maior algazarra pelos corredores.
A primeira entrou correndo na enfermaria onde João Bruno tirava um cochilo. E rindo no maior escarcéu ficaram correndo uma atrás da outra ao redor das camas.
João Bruno acordou assustado com a algazarra das duas e falou bravo:
-Vou pedir a Zezé para mandar parar o CORRIMENTO dessas meninas aqui na enfermaria...
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Do livro "Prosa Ruim, Conversa Fiada" do autor