O "XERIFE" DA ENFERMARIA

Conheci João Bruno um cidadão de cor, de idade já um pouco avançada, no hospital de minha cidade. Ele viera da roça fazer um tratamento qualquer de saúde e como não tinha parentes e nem para onde ir, foi ficando por lá. Fazia em troca da estadia serviços de limpeza, capinas.

Com o tempo foi ficando "de casa", era muito rabugento e ditava as regras para os enfermos. A enfermaria era sua casa. Tinha seu armário, onde guardava seus pertences e ninguém podia por a mão.

Certa vez apareceu no hospital duas mocinhas aprendizes de enfermagem. Novinhas, fogosas e brincalhonas viviam sendo repreendidas pelo João Bruno. A enfermeira chefe Zezé, solteirona sisuda vivia pegando no pé das duas.

Certo dia uma das enfermeiras passando pela outra em um dos corredores, deu um tapa em sua bunda e saiu correndo.

A outra gritou:

-Pera aí, sua putinha!

E saíram correndo na maior algazarra pelos corredores.

A primeira entrou correndo na enfermaria onde João Bruno tirava um cochilo. E rindo no maior escarcéu ficaram correndo uma atrás da outra ao redor das camas.

João Bruno acordou assustado com a algazarra das duas e falou bravo:

-Vou pedir a Zezé para mandar parar o CORRIMENTO dessas meninas aqui na enfermaria...

* * *

Do livro "Prosa Ruim, Conversa Fiada" do autor

HERCULANO VANDERLI DE SOUSA
Enviado por HERCULANO VANDERLI DE SOUSA em 30/12/2013
Reeditado em 01/01/2014
Código do texto: T4630176
Classificação de conteúdo: seguro