SANTADA III - A CALHA

Em verdade, este “causo” deveria se chamar “BRONZATADA”.

Meu irmão foi “sorteado” com a casa em que morávamos lá na Super Quadra Morumbi. A casa fora entregue só com o mínimo e básico internamente, faltavam o calçamento lateral, calhas, etc. Quando chovia a lama vermelha respingava nas paredes e portas. Começamos a tomar as providências básicas para poder mudar. A primeira providência seria instalar as calhas, mas tudo tinha que ser feito aos sábados e domingos, pois, todos trabalhavam, inclusive, nosso pai, apesar de já estar com mais de sessenta e três anos. Numa época de horário de verão, com previsões de grandes chuvas, aconteceu de numa tarde todos estarem livres. Foi, então que veio aquela maravilhosa ideia de colocar uma parte da calha acima da porta da sala para que a umidade não danificasse os tacos da sala. E lá fomos nós com a calha, escada, meio dúzia de pregos e martelo. Nada mais era preciso, moleza, era bico!

O plano estava sendo traçado. Cada um apresentava uma ideia e a única de consenso era: “Ela tem que ter uma leve caída para a água escoar rápido para o ladrão”.

No telhado estávamos eu e o Leonel e o nosso pai na escada apoiando a calha. O céu estava enegrecendo. A discussão já durava uma hora. Até que a chuva chegou forte, com vento e granizo, e para que a gente não se molhasse tanto e não ficasse com a cabeça cheia de “galos”, mandamos um prego em cada ponta de qualquer jeito.

Querem saber o que aconteceu?

Fizemos todo o calçamento, jardim, portão, etc. Quando o restante da calha foi colocado, uns seis meses após, aquele pedaço estava colocado na inclinação certinha. Só foi mexido vinte anos depois porque foi feita reforma na casa e o telhado foi trocado.

Quando os três se reuniam para fazer alguma coisa, saía tanta confusão quanto aquele famoso trio do cinema americano que tirava o fôlego da plateia. Em respeito à memória de nosso pai, oculto o nome do trio.

SANTO BRONZATO em 19/12/2.013.